Tecnologia auxilia no bem-estar dos colaboradores
Apesar dos benefícios, boa parte das empresas ainda não incorpora as inovações no dia a dia.
A tecnologia tem transformado a experiência no dia a dia dos setores produtivos. Essa realidade pode trazer benefícios tanto para as empresas, quanto para os colaboradores, como maior produtividade, segurança e qualidade de vida. Porém, nem todas as organizações têm aproveitado as oportunidades para promover o bem-estar dos funcionários.
Estudo realizado pelo pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Rodrigo Roscani, informa que a introdução de tecnologias digitais nas indústrias resulta em ganhos significativos de produtividade e também tem o potencial de aprimorar a segurança e a qualidade de vida nos ambientes de trabalho.
A produtividade é um indicador que mede a eficiência e a qualidade do trabalho realizado em uma organização. Quanto mais alta, maior o valor agregado e o lucro gerado. Há outros estudos que mostram como a tecnologia pode ser uma aliada dos setores produtivos no alcance desse resultado.
Segundo o Ranking Nacional da Indústria 4.0, pesquisa realizada pelo instituto Atlas Intel em parceria com a Tractian, a incorporação de tecnologia no setor industrial aumenta a produtividade do setor em até 38%. Para a realização do levantamento, foram ouvidos representantes de, aproximadamente, 200 indústrias brasileiras durante os meses de agosto e setembro de 2023.
De acordo com o levantamento, o ganho é ainda maior para as empresas dos segmentos de Bens e Consumo (58%), Aeronáutica (54%) e Petróleo e Gás (48%), que se destacam pela inovação e pela criação de novas soluções, produtos e serviços, que atendem às demandas e às preferências dos consumidores.
Além disso, a pesquisa também apontou que as tecnologias digitais melhoraram a segurança e a qualidade de vida dos trabalhadores, reduzindo os riscos de acidentes, as doenças ocupacionais e o estresse. A qualidade de vida no trabalho abrange diversos aspectos que influenciam o bem-estar físico, mental e social, dentro e fora do ambiente organizacional.
Como define a Organização Mundial da Saúde (OMS), a qualidade de vida no trabalho é “a percepção que um indivíduo tem sobre a sua posição na vida, dentro do contexto dos sistemas de cultura e valores nos quais está inserido e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”.
No entanto, nem todas as empresas têm conseguido integrar as tecnologias digitais de forma eficaz e harmoniosa no ambiente de trabalho. Alguns dos desafios que elas enfrentam são a resistência à mudança, a falta de infraestrutura e a desigualdade de acesso às inovações.
Opções acessíveis para pequenas e médias empresas
Para Roscani, a dificuldade de integração de novas tecnologias nas empresas se deve ao alto custo para a incorporação das soluções nas organizações. “Hoje, mais de 90% das empresas do país são pequenas, e esse tipo de investimento não é uma realidade acessível”, analisou durante entrevista à imprensa.
No entanto, existem opções acessíveis que podem ajudar as pequenas e médias empresas. Ferramentas como canal de denúncias, sistemas integrados e plataformas de gestão de projetos baseadas em nuvem podem ser implementadas sem demandar um alto custo, por exemplo.
Além disso, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) planeja investir R$ 200 milhões na próxima fase do programa Brasil Mais Produtivo, que oferecerá um ciclo de acesso ao conhecimento. As empresas beneficiadas serão conduzidas por uma “jornada de transformação digital”, segundo informações da assessoria do órgão.
A jornada engloba aprimoramento da força de trabalho, requalificação, implementação de melhores práticas de gestão, digitalização, otimização de processos produtivos e melhoria da eficiência energética. O processo será facilitado por meio da oferta de crédito ou recursos não-reembolsáveis destinados à adoção de tecnologias associadas à indústria 4.0 e às smart factories ou fábricas inteligentes.
Até 2027, o programa se desdobrará em quatro modalidades de atendimento. A nova fase do Brasil Mais Produtivo estabelece parcerias estratégicas com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O programa também conta com o apoio da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), sendo estes dois últimos atuando como executores e contribuindo com recursos próprios.
A ministra Luciana Santos esclareceu que a participação do ministério no programa visa assegurar que micro, pequenas e médias empresas ampliem sua produtividade e competitividade. “O MCTI está totalmente integrado à política de reindustrialização em novas bases tecnológicas e sustentáveis”, afirmou.