Entenda como funciona o novo imunoterápico do SUS para tratar leucemia mais comum em crianças

O blinatumomabe, incorporado à rede pública em dezembro de 2023, demonstrou alta eficácia em ‘zerar’ a doença, aumentando a chance de os pacientes realizarem o transplante de medula.

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein

O blinatumomabe, novo imunoterápico utilizado no tratamento da leucemia linfoblástica B (LLA B), apresentou resultados mais eficazes que a quimioterapia enquanto os pacientes aguardam por um transplante de medula óssea. Em junho 2022, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), vinculada ao Ministério da Saúde, recomendou a incorporação do medicamento pelo SUS. Agora, em dezembro de 2023, a mesma comissão aprovou o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para tratamento da doença em pacientes de até 18 anos (19 incompletos) que sofreram recidiva da doença, ou seja, quando ela reaparece.

Para passar pelo transplante de medula óssea, um procedimento que pode levar à cura, pacientes com LLA B precisam entrar em remissão, ou seja, “zerar” a doença. Enquanto a quimioterapia apresenta uma taxa de sucesso de 54%, o imunoterápico elevou a chance para aproximadamente 90%.

“O medicamento possibilita que esses pacientes possam realizar o transplante que não aconteceria em outro cenário”, diz o oncologista Neviçolino Pereira de Carvalho Filho, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica.

Como funciona?

O medicamento, que já é usado amplamente no exterior, é um anticorpo monoclonalque age estimulando o sistema imunológico. Ele se liga tanto às células cancerosas quanto aos linfócitos T, facilitando o trabalho de reconhecer e destruir o tumor. A droga também tem menos efeitos colaterais que a quimioterapia.

“Vamos poder oferecer para os pacientes pediátricos um tratamento extremamente avançado e eficiente para essa condição na recidiva”, diz o hematologista Fabio Pires de Souza Santos, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Novos estudos também já vêm demonstrando bons resultados do blinatumomabe quando usado como medicamento de primeira linha. Um deles, publicado em abril, testou o medicamento associado à quimioterapia em crianças que tinham um tipo muito agressivo de LLA, e constatou um aumento da sobrevida nesses pacientes.

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