Levantamento de beneficiários revigora a maior reserva extrativista marinha do Brasil

Mais de 6 mil famílias na Reserva Extrativista Baía do Tubarão passam a ter acesso a políticas públicas com atualização de dados em Unidades de Conservação


Em ação coordenada pelo ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, em parceria com LIRA/IPÊ – Legado Integrado da Região Amazônica, do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas e a Associação Quilombola de Santa Maria, mais de 6 mil famílias foram cadastradas na Reserva Extrativista Baía do Tubarão. Este esforço faz parte de um projeto maior que pretende atualizar os dados de aproximadamente 70 mil famílias em 80 Unidades de Conservação na Amazônia, respondendo a uma necessidade que se mantinha desde o último cadastramento em 2014.

Segundo Fabiana Prado, gerente do LIRA/IPÊ, a atualização dos registros utilizou um aplicativo de celular para coleta de informações e um sistema de integração de banco de dados, ambos desenvolvidos na esfera do LIRA, mas que podem ser utilizados a partir dessa aplicação inicial também em outras UCs. “Este avanço tecnológico não só acelerou o processo de cadastramento, mas também garantiu a precisão das informações coletadas, essenciais para a implementação eficaz de políticas públicas”, diz ela. A estratégia adotada provou ser bastante eficiente e marcou o maior levantamento já realizado em comunidades que dependem de unidades de conservação no Brasil.

Durante a execução da iniciativa, membros da comunidade receberam treinamento para atuar como entrevistadores, o que não apenas gerou uma nova fonte de renda, mas também envolveu ativamente jovens e lideranças comunitárias. “A abordagem de visitação domiciliar permitiu uma conexão íntima com as famílias, que compartilharam suas histórias e desafios com entusiasmo e abertura. Este trabalho não apenas mapeou dados, mas também construiu uma rede de histórias humanas e parcerias, sublinhando o papel vital da conservação ambiental e do desenvolvimento comunitário”, conta Karina Teixeira, analista ambiental e chefe do ICMBio/São Luís. “Este envolvimento fomenta um intercâmbio de saberes e experiências, fortalece as comunidades locais e destaca a importância de sua inclusão e reconhecimento”, complementa Fabiana.
 

Para Elida dos Santos Torres, participante ativa na Reserva Baía do Tubarão, a experiência de entrevistar as famílias foi fundamental para reconhecer e valorizar as comunidades locais. “Durante esse processo, tive a oportunidade única de visitar casa por casa, conhecendo de perto a realidade de mais de 42 comunidades dentro da Reserva Baía do Tubarão. Para nós, membros da comunidade que vivemos o dia a dia da reserva, capturando nossos peixes e utilizando outros recursos marinhos, foi essencial participar desse levantamento de dados. Esse trabalho é de enorme importância tanto para nossa própria comunidade quanto para aumentar a visibilidade das outras”, diz.
 

Localizada entre as cidades de Icatu e Humberto de Campos, no Maranhão, a Reserva Extrativista Baía do Tubarão abrange cerca de 223.888,98 hectares e foi criada em abril de 2018, seu objetivo é proteger os recursos naturais essenciais para a subsistência das populações tradicionais extrativistas, promovendo o desenvolvimento social e econômico.

O levantamento das famílias na Baía do Tubarão estabelece um modelo de engajamento e pode ser replicado em outras reservas no Brasil. A iniciativa reforça a importância de uma gestão colaborativa e inovadora para a sustentabilidade ambiental e o desenvolvimento social, destacando o papel das políticas públicas no suporte a comunidades tradicionais. “Estamos vendo uma transformação na forma como as unidades de conservação são geridas no Brasil. Com a colaboração entre o ICMBio, o LIRA/IPÊ e as comunidades locais, podemos criar modelos sustentáveis de gestão ambiental que realmente levam em consideração as participação e as necessidades das populações locais”, finaliza Fabiana.

Sobre o LIRA

O LIRA é uma iniciativa idealizada pelo IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, Fundo Amazônia e Fundação Gordon e Betty Moore, parceiros financiadores do projeto. Os parceiros institucionais são a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Amazonas – SEMA-AM e o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará – IDEFLOR-Bio. O projeto abrange 34% das áreas protegidas da Amazônia, considerando 20 UCs Federais, 23 UCs Estaduais e 43 Terras Indígenas, nas regiões do Alto Rio Negro, Baixo Rio Negro, Norte do Pará, Xingu, Madeira-Purus e Rondônia-Acre. O objetivo do projeto é promover e ampliar a gestão integrada para a conservação da biodiversidade, a manutenção da paisagem e das funções climáticas e o desenvolvimento socioambiental e cultural de povos e comunidades tradicionais. Mais informações: Link

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