Manto Tupinambá que estava na Dinamarca volta ao Brasil após 335 anos
Após mais de três séculos, está de volta ao Brasil um item raríssimo de vestimenta sagrada, utilizada em cerimônias e rituais indígenas.
O manto Tupinambá, todo feito com penas de aves, permaneceu desde 1689 na Dinamarca e, agora, foi trazido ao Rio de Janeiro. A expectativa, de acordo com informações divulgadas nesta quinta-feira (11) pela direção do Museu Nacional, para onde a indumentária foi levada, é de que ela seja exposta já a partir deste mês, após os procedimentos para a sua conservação.
No ano passado, o manto foi doado pelo Museu Nacional dinamarquês para compor a nova coleção do Museu carioca, como parte das iniciativas de reabertura parcial do prédio histórico, praticamente destruído por um incêndio em 2018.//
Segundo a crença indígena, a peça é capaz de conectar os indígenas com os ancestrais e as práticas culturais do passado. Feita com penas de guará vermelho, sobre uma base de fibra natural, é semelhante a uma rede de pesca. A relíquia tem um metro e oitenta centímetros de altura.
Em setembro de 2023, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, instituiu um Grupo de Trabalho para acompanhar, apoiar e propor medidas relativas à restituição de artefatos indígenas que se encontram em museus do exterior.
A devolução do manto é resultado de articulações entre instituições como a Embaixada do Brasil na Dinamarca, Museu Nacional e a comunidade Tupinambá da Serra do Padeiro, na Bahia. Há registros de outros mantos Tupinambás na Europa, que teriam sido produzidos nos séculos 16 e 17 e levados para o continente durante a colonização.
EBC