Sistema de monitoramento indígena celebra dez anos em evento no dia 17, em Brasília

Comemoração reunirá membros do governo, lideranças indígenas e pesquisadores. Entre os confirmados estão Joenia Wapichana, Sineia do Vale e Ane Alencar.

Karina Custódio*

SOMAI (Sistema de Observação e Monitoramento da Amazônia Indígena), tecnologia desenvolvida pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e seus parceiros, celebra seus 10 anos em evento no dia 17 de outubro, a partir das 15h, no Memorial Darcy Ribeiro, da UnB (Universidade de Brasília). Público pode retirar ingressos aqui.

Além de contar a história da plataforma, a celebração apresentará suas novas funções e publicará quatro boletins técnicos PROTEJA, produzidos por estudantes indígenas. A celebração terá presença de lideranças indígenas, pesquisadores e gestores que fizeram parte da construção do SOMAI como Joenia Wapichana, presidente da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), André Guimaraes, diretor executivo do IPAM, Sineia do Vale, coordenadora de departamento ambiental do CIR (Conselho Indígena de Roraima) e Ane Alencar, diretora de Ciência do IPAM.

Roiti Metuktire, coordenador de gestão territorial do IR (Instituto Raoni), é um dos palestrantes do evento. “Nós indígenas nos sentimos muito beneficiados pelo aplicativo Alerta Clima Indígena e pelo SOMAI porque, há muito tempo, nós não tínhamos informações sobre o nosso território. Hoje, com o aplicativo e a plataforma, a gente tem as informações necessárias para saber quais são as ameaças que atingem nossos territórios e como nos preparar para enfrentar essas ameaças”.

Curso

O evento de celebração será o fechamento do curso “Proteção Integral de Terras Indígenas”, que reunirá lideranças originárias da Amazônia para debater sobre crimes ambientais que atingem os territórios e apresentará as tecnologias de vigilância indigenistas, como o SOMAI.

Formações que apresentam técnicas de monitoramento territorial são feitas regularmente pelo IPAM e seus parceiros. Rosamaria Loures, assessora da Associação das Mulheres Munduruku Wakoborũn e do Movimento Munduruku Ipereg Ayu, já participou de um desses cursos e conta como contribuiu com seu trabalho.

“Temos várias experiências marcantes com o SOMAI, especialmente em situações em que ele foi utilizado para realizar denúncias de invasões territoriais ao MPF [Ministério Público Federal] e outros órgãos competentes. A partir do SOMAI, conseguimos evidenciar e georreferenciar as ameaças encontradas no território pelos indígenas, fornecendo dados concretos para fortalecer as denúncias”.

Parceiros

A celebração de dez anos do SOMAI é feita em aliança com a USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional) e WCS (We Stand for Wildlife) no âmbito do projeto Conservando Juntos. Entre os parceiros estão: COIAB (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira), APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), Instituto Raoni, WWF (World Wide Fund for Nature), FEPIPA (Federação dos Povos Indígenas do Pará), FEPOIMT (Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso), Instituto Kabu, OPAN (Operação Amazônia Nativa), CIR (Conselho Indígena de Roraima), CPI- Acre (Comissão Pró-Índio), NICFI (Iniciativa internacional da Noruega para o clima e as florestas) e Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas).

Impacto

Nestes 10 anos, a ferramenta SOMAI já acumula 729 usuários, é usada por mais de 182 organizações indígenas e já monitorou 60,9 milhões de hectares de Terras Indígenas. Graças à integração com o aplicativo ACI (Alerta Clima Indígena), o SOMAI registrou centenas de alertas climáticos, ameaças antrópicas e uso tradicional dos territórios, auxiliando em processos judiciais de proteção de Terras Indígenas.
Entre os resultados do SOMAI está seu reconhecimento pelo MMA (Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática) como ferramenta de adaptação à crise ambiental no Plano Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas.

Outro avanço da iniciativa foi a criação do ACI, que ocorreu após a vitória do Desafio de Impacto Social do Google em 2016. O aplicativo permite registrar ameaças, mesmo com baixo acesso à internet. Martha Fellows, pesquisadora do IPAM, relata como a ideia do ACI surgiu “Nós começamos a entender que não bastava ter uma plataforma apenas de consulta de informação sobre Terras Indígenas, que era importante que as organizações parceiras também tivessem esse espaço onde pudessem contar suas história”.

Estas ações foram realizadas em aliança com a USAID e WCS no âmbito do projeto Conservando Juntos, cujo objetivo é fortalecer as capacidades dos atores da sociedade civil para liderar os esforços de conservação da biodiversidade e prevenção de crimes ambientais na Amazônia.
Essa matéria é possível graças ao generoso apoio dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). Os conteúdos são de responsabilidade do IPAM e não refletem necessariamente as opiniões da USAID ou do Governo dos Estados Unidos.
 

Programação

15h – Mesa de abertura: Baú de memórias do SOMAI:
André Guimarães (IPAM)
Vanessa Apurinã (COIAB)
Kleber Karipuna (APIB)
Sineia Wapichana (CIR)
Ane Alencar (IPAM)
Roiti Metuktire (Instituto Raoni)
Joenia Wapichana (Funai)
Larissa Martins (MPI)
 

16h – Avanços e conquistas do SOMAI:
Martha Fellows (IPAM)
Giofan Erasmo (CIR)
 

17h – Mini-oficina: Conhecendo e contribuindo para o SOMAI-ACI
Ray Alves (IPAM)
Gleyciane Costa (IPAM)
 

18h – Vídeo celebração 10 anos do SOMAI

18h à 20h – Coquetel de encerramento e exposição de banners
 

Jornalista do IPAM*
63984527480

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