Bombeiros colocam contêineres na água para conter fumaça tóxica em Guarujá
Fernanda Cruz – Repórter da Agência Brasil Edição: Maria Claudia
Para que o fogo seja apagado, cada contêiner é colocado em uma carreta com água, a chamada “técnica de afogamento”. De acordo com o coronel José Roberto, coordenador da Defesa Civil da cidade, hoje, pela manhã, foi feito um inventário a partir da planta do terminal, que lista os produtos que estavam armazenados na área, pela empresa Localfrio.
O coronel não soube informar quais tipos de produtos vazaram, mas disse que o acidente começou em um contêiner que armazenava ácido dicloro. Segundo Enedir Rodrigues, engenheiro da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), é possível que uma fissura possa ter permitido a entrada de água da chuva, o que provocou a ignição e o fogo se alastrou. “Uma fissura no tanque é suficiente para essa reação exotérmica”, explicou.
Osmair Chamma, promotor de Justiça do Meio Ambiente, informou que instaurou inquérito civil para apurar as razões do acidente. “Disparamos ofícios para apurar danos civil e coletivo, mas, a princípio, não há resíduos na parte pluvial e não tem risco de alteração ácida no ar”, declarou.
O coronel da Defesa Civil destacou que a fumaça diminuiu e mudou de cor, ficou mais branca, o que representa um bom sinal. De acordo com ele, a situação no momento está controlada. “Só não podemos ter pressa com os produtos químicos, pois cada um tem uma reação diferente”.
De acordo com o tenente do Corpo de Bombeiros Rafael Marques, apesar do fogo, o risco de propagação do incêndio é zero e os produtos não devem contaminar o estuário, que fica longe do local do incêndio. A expectativa, segundo ele, é que até o final do dia as chamas sejam apagadas e o trabalho entre em fase de rescaldo.
Segundo Maria Antonieta de Brito, prefeita de Guarujá, as cerca de 500 pessoas que moram perto do local do acidente foram orientadas a desocupar suas casas, já podem retornar. “Foi uma desocupação preventiva, elas podiam ter continuado em casa”, esclareceu.
A prefeitura emitiu aviso pedindo para os moradores a um raio de 100 metros do local do incêndio deixassem suas casas para evitar inalação da fumaça tóxica. “Tínhamos uma estratégia de evacuação, mas não foi necessária”, disse ela. Com a situação controlada, a prefeita aproveitou para despreocupar turistas que desejam aproveitar o verão nas praias da cidade. “Não afetou a praia, pedimos para que não deixem de vir nas férias. [A fumaça] está sendo dispersada pelo vento, não há motivo para que os turistas não venham”, disse.
Intoxicação
Segundo a prefeitura, foram feitos 75 atendimentos em Guarujá, e seis em Santos, em virtude de intoxicação com os gases. Não foi registrado nenhum caso mais grave, apenas uma idosa de 66 anos, moradora de Santos, continua internada. A orientação à população é que evite contato com a fumaça tóxica emitida pelo incêndio. Em caso de tontura, náusea ou ardência nos olhos e vias nasais, procurar imediatamente o serviço de saúde.
Na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ao lado da rodoviária, Alessandra Rodrigues Cotia, auxiliar de enfermagem, de 38 anos, acompanhava o filho de 11 anos, que tem alergia respiratória. Alessandra mora próximo ao terminal, no distrito de Vicente de Carvalho, onde uma nuvem de vapores domina o ambiente e preocupa os moradores.
O garoto apresenta tosse seca, irritação na garganta, dor de cabeça e vômito. “Ele já estava mal há dois dias, mas depois do que aconteceu agravou. Hoje já resolvi trazer ele aqui, porque ele não fica com nada no estômago. Ele fez exames, inalação e recebeu medicação”, disse a mãe.
Marcos Santos Ferreira, gerente de um posto de gasolina em frente ao terminal, disse que ontem, no final da tarde, os comerciantes fecharam as portas mais cedo. Ele conta que a coluna de fumaça era levada pelo vento para a cidade de Santos e o distrito de Vicente de Carvalho. “Hoje parou a chuva, e o vento começou a trazer para cá [Guarujá]. Parece que dissipou para a cidade inteira. Ontem não estava tão denso, parece que a fumaça desceu”.