Manifestantes gritam “não vai ter golpe” em ato contra impeachment na Paulista
Manifestantes reúnem-se na tarde de hoje (18) na Avenida Paulista, em frente ao Museu de Arte de São Paulo. Muitos estão vestidos de vermelho, com apitos, bexigas e faixas, pedindo a defesa da democracia e também a manutenção da presidenta Dilma Roussef nogoverno. Os manifestantes gritam “não vai ter golpe” em diversos momentos.
O professor da rede municipal de São Paulo, Edmar Magalhães, 59, se manifesta hoje na Avenida Paulista contra o impeachment de Dilma. “O país vive um momento perigoso, que é a derrubada de um governo legítimo, eleito pelo povo democraticamente. O que está acontecendo é um golpe”, disse. Sobre a atual situação econômica do país, ele comenta que, não só o Brasil, mas todo o mundo passa por uma crise na economia. “É a falência do sistema capitalista”.
Gabriela Pompermayer, 27, produtora cultural, defende a democracia e luta pela tentativa de uma construção política à esquerda. Ela votou na presidenta Dilma e é contra o impeachment, mas é crítica às políticas atuais e acredita que as pessoas e grupos de esquerda precisam viabilizar outra opção para o próximo governo que não seja o PT.
“Eu acho que até agora não teve nenhuma prova, nada que faça com que tenha motivos reais para o impeachment. Desaprovo bastante o governo, principalmente o que foi em 2015, mas acho que ela [Dilma] tem que chegar até o fim do mandato”, disse.
Rodrigo Lopes Marcelino, 37, agente penitenciário, está nas ruas “contra a tentativa de golpe” ao lado de sua esposa, 42, e de sua filha, 14. Segundo ele, o que era uma crise econômica mundial foi transformado em política para beneficiar grupos de elite. “Eles não querem uma divisão da riqueza produzida no país, querem só pra eles e manipulam a opinião pública”.
“Eu vim para a rua junto com a minha família para lutar pela democracia, lutar pelo acesso às conquistas que estão sendo feitas no campo social. Hoje temos milhões de universitários jovens que não tinham acesso à universidade. Hoje as famílias tem algum acesso a bens que não tinham. Então para a continuação dessa política, contra todo tipo de preconceito, contra todo tipo de conservadorismo e de monopólio é que estamos aqui”, disse.
Pelo país
Na capital federal, manifestantes a favor do governo Dilma Rousseff e contra o processo de impeachmentestão reunidos no Museu da República, no início da Esplanada dos Ministérios. O ato é organizado pela Frente Brasil Popular, e os manifestantes levam cartazes com frases de apoio a Dilma e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e contra o que chamam de golpe.
“Esse é um ato em defesa da democracia, contra o golpismo e o fascismo que está explodindo no país. Estamos defendendo a mudança de discurso no Congresso, que pare de discutir só o golpe e que encaminhe avanços nos direitos da classe trabalhadora”, disse o secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores do Distrito Federal (CUT-DF), Rodrigo Rodrigues.
No Rio de Janeiro, a manifestação contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff reúne manifestantes na Praça XV, no centro da cidade. Eles carregam cartazes e defendem a permanência da presidenta. Os manifestantes também fazem um ato de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: “Ministro Lula estamos com você”, diz um dos cartazes. Também há faixas pedindo a saída do presidente da Câmara, o deputado Eduardo Cunha. #ForaCunha #FicaDilma, pedem os cartazes.
Para a atriz Letícia Sabatella, que participa do ato no Rio, o objetivo em comum entre todos os movimentos presentes nas manifestações de hoje é a luta pela democracia e o combate à corrupção, mas não a que atinge apenas um grupo. “Vamos fazer uma reforma política, vamos lutar por esta reforma para que a gente limpe todos os focos de corrupção. E não apenas pegar um bode expiatório e dizer que esse é o grande corrupto. Vamos olhar onde está a corrupção, ver porque ela existe e porque o sistema funciona desta maneira”, afirmou.
Em Salvador, militantes, estudantes e representantes de centrais sindicais e movimentos sociais da Bahia realizam um ato contra o impeachment desde o início da tarde de hoje (18) em Campo Grande, região central da cidade. Segundo a Polícia Militar, mais de 50 mil pessoas acompanharam a passeata que seguiu em direção à Praça Castro Alves.
Adesivos com a frase “Nao ao golpe” e máscaras satirizando o juiz Sérgio Moro (que aparece com um nariz de tucano, em referência ao PSDB) foram distribuídos entre os manifestantes que seguiram em caminhada cantando e tocando tambores.
Camila Boehm – Repórter da Agência Brasil Edição: Fábio Massalli