Conselho de Leigos (as) da Diocese de Macapá divulga carta sobre o momento local e nacional
Representantes de pastorais, movimentos, paróquias e demais serviços da Igreja Católica que participam do Conselho Diocesano de Leigos e Leigas reuniram diversas vezes com o bispo de Macapá, Dom Pedro Conti, para refletir e analisar o momento político, econômico e social no Amapá e no Brasil.
Entre outras deliberações, foi aprovada e construída coletivamente uma carta aberta aos católicos e à sociedade amapaense, com o propósito de contribuir com uma reflexão mais ética e profunda sobre a conjuntura política local e nacional.
De acordo com a direção do Conselho de Leigos (as) a ideia é levar a carta às comunidades católicas para que seja feita a leitura e reflexão, a partir de 03 de abril, Segundo Domingo da Páscoa, na celebração da Divina Misericórdia, e nos dias seguintes nos grupos, encontros e celebrações na Diocese de Macapá.
Eis a íntegra da carta:
CARTA ABERTA DO CONSELHO DE LEIGOS E LEIGAS DA DIOCESE DE MACAPÁ
Macapá-AP, 03 de abril de 2016.
Neste Segundo Domingo da Páscoa, em que também celebramos a Festa da Divina Misericórdia, convidamos a refletir sobre o amor do Pai por nós e o atual momento político que se coloca de maneira crítica, tanto em âmbito nacional quanto local. As notícias de corrupção e as crescentes manifestações populares necessitam do nosso olhar e, principalmente, de nossas ações enquanto cristãos leigos e consagrados.
Devemos acreditar e investir na manutenção da democracia e zelar pelos direitos e garantias constitucionais, que vem sendo notadamente desrespeitados. Repudiamos todo e qualquer ato de corrupção e a polarização em torno de interesses pessoais que criam conflitos entre nós. Precisamos de uma análise cuidadosa dos fatos narrados pela mídia, que tenta condicionar nossa forma de pensar e agir, deformando a notícia ao invés de informar.
A simples substituição de pessoas na ocupação de cargos importantes, por si só, não gera a justiça social. É temerário direcionar nossas esperanças em uma ou outra figura humana, achando que aparecerá um salvador da pátria capaz de resolver todas as nossas mazelas. Sabemos que o único capaz de nos libertar verdadeiramente e nos levar a uma plena civilização do amor e da paz é o nosso Senhor Jesus Cristo.
Devemos nos engajar na participação popular, na construção de leis e de políticas públicas que efetivamente diminuam as desigualdades e promovam uma existência digna, especialmente para os mais pobres.
Necessitamos buscar uma ação comunitária que vise acima de tudo à construção de um senso político maduro e coerente, que nos liberta de uma ignorância da política e da fé. A partir desse amadurecimento, devemos buscar uma atuação efetiva na vida política de nosso país, porque a missão profética do cristão é curar os quebrantados de coração, pregar liberdade aos cativos, a restauração da vista aos cegos, por em liberdade os oprimidos (Lc. 4, 18-19).
É urgente uma conversão plena e profunda que nos coloque em perfeita comunhão com o Pai. Esse momento também nos leva a uma reflexão pessoal, um olhar para dentro de nós mesmos, para percebermos como cada um contribui para a cultura da corrupção, visível até em atos corriqueiros.
Nós nos posicionamos firmemente contra o ódio e a favor do amor e do respeito. Queremos ampla e imparcial investigação, bem como a responsabilização de todos que infringem de qualquer forma o dever de cuidado com nosso estado e nação.
Cremos que o Espírito Santo impulsiona o agir do Povo de Deus a caminho do Reino. Buscamos o diálogo franco, respeitoso e aberto acerca de nossa situação política, com todas as pessoas de boa vontade e que efetivamente se colocam a serviço do amor e da fraternidade. Contra a indiferença generalizada, conclamamos todos a participar na construção efetiva de um país melhor com condições justas e reais de vida plena.
Conselho de Leigos e Leigas da Diocese de Macapá