Tecnologias de cultivo de tambaqui e camarão-da-Amazônia

A Embrapa Amapá formalizou cooperação técnica com o Instituto Estadual de Desenvolvimento Rural (Rurap) e a Agência de Pesca do Amapá (Pescap) para adaptar tecnologias de cultivo de tambaqui e camarão-da-Amazônia em sistema de recirculação utilizando leitos cultivados, dentro da técnica conhecida como aquaponia. O plano de trabalho será executado de maio de 2016 a maio de 2018 e inclui a instalação de uma Unidade Demonstrativa da tecnologia de aquaponia no Centro de Difusão de Tecnologia Rural, localizado no Parque de Exposições de Fazendinha (distrito de Macapá-AP). Também serão realizados cursos práticos e dias de campo para técnicos extensionistas, agricultores e piscicultores, sobre os temas monocultivo e policultivo de tambaqui e camarão-da-Amazônia com alface em sistema de recirculação utilizando leitos cultivados. Os termos da cooperação foram assinados durante uma reunião do Conselho Deliberativo do Fundo de Desenvolvimento Rural do Amapá (Frap), no último dia 5/5, na Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR).

Equipes do Rurap e da Pescap – órgãos de extensão do Governo do Estado do Amapá – participarão da execução de atividades de transferência de tecnologias em dois projetos coordenados pela Embrapa. Um tem como título “Policultivo de Tambaqui (Colossoma macropomum) e camarão-da-Amazônia (Macrobrachium amazonicum) em sistema de recirculação de água e sua integração com a produção de hortaliças em sistema de base ecológica” e outro é o projeto “Produção intensiva de tambaqui (Colossoma macropomum) em sistema de recirculação de água integrado ao cultivo de hortaliças com a utilização dos efluentes”.

De acordo com o chefe-geral da Embrapa Amapá, Jorge Yared, a cooperação técnica viabiliza a integração de esforços entre as partes, para a divulgação e transferência de resultados de pesquisa a serem obtidos nos dois projetos citados, os quais são complementares e buscam adaptar e desenvolver tecnologias de sistemas de produção que farão a integração da aquicultura com a horticultura, em especial o monocultivo intensivo de tambaqui e o policultivo de tambaqui com camarão-da-Amazônia utilizando sistema de recirculação com leitos cultivados e aproveitamento de efluentes na produção hortaliças. A Embrapa executará os trabalhos nas dependências da sede da Embrapa Amapá, no Laboratório de Piscicultura denominado Galpão de Cultivo e também no Campo Experimental da Fazendinha. O plano de trabalho é decorrente do convênio de cooperação geral, firmado em 2011 e 2012, entre a Embrapa e o Rurap e Pescap, respectivamente.

O secretário estadual de Desenvolvimento Rural, Osvaldo Hélio Dantas Soares, destacou que, uma das orientações do governo estadual é investir na produção de alimentos, considerando as peculiaridades locais, das vocações e dos potenciais existentes. “Outra vertente é estabelecer as parcerias, se disponibilizando dos recursos existentes para a efetividade da ação. Neste sentido, a assinatura dos convênios promulgado entre a Embrapa, Rurap e Pescap traduz o fortalecimento do sistema de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural, no propósito de se garantir a transferência e a difusão das tecnologias da produção de alimentos aos produtores”, acrescentou o secretário.

A Embrapa considera que o Rurap e a Pescap possuem nos seus quadros técnicos, profissionais com conhecimentos e experiências significativas para executar as ações e atividades dos projetos. Apesar do potencial aquícola do estado do Amapá, esta atividade apresenta crescimento modesto, devido não somente à escassez de alevinos e outros insumos, como também pela falta de técnicas relacionadas às boas práticas de manejo. A piscicultura, no entorno das cidades de Macapá e Santana, na região denominada de cinturão verde, que compreende o polo e o mini polo hortifrutigranjeiro da Fazendinha e o Km 09, existem aproximadamente 200 produtores que se dedicam à produção de hortaliças. Porém, os sistemas de produção adotados em geral são de baixo nível tecnológico, onde práticas consolidadas em outros Estados, nem sempre são adotadas, demonstram a necessidade de implantação de tecnologias que viabilizem aumento de eficiência nas áreas exploradas. Nesse contexto, a parceria com Rurap e a Pescap auxiliará a Embrapa de forma decisiva na execução das ações de transferência e difusão de tecnologias. O monocultivo e policultivo integrado de peixes e camarões com hortaliças em sistema de recirculação surge como uma oportunidade para ampliar a produção e produtividade e ampliar a geração de renda dos empreendimentos existentes no Amapá, adaptando diversas tecnologias de produção à realidade local, com destaque para sistema de recirculação, canteiros cultivados, produção de biofertilizantes, aquaponia, entre outras. De acordo com o diretor-presidente do Instituto de Desenvolvimento Rural do Amapá (Rurap), José Maria Darmasso, os extensionistas desse instituto e da Agência de Pesca do Amapá (Pescap) serão capacitados pela Embrapa em técnicas de difusão do conhecimento entre os agricultores familiares. “Vamos transformar nossos extensionistas em multiplicadores, para que os agricultores e piscicultores que têm interesse possam aderir à tecnologia. Acreditamos que dois cultivos importantes em um espaço reduzido vão tornar esses produtores mais competitivos no mercado”, declarou. Essas medidas, que fortalecem a agricultura familiar no Estado, são fundamentais como alternativas para diminuir o impacto da crise econômica no Amapá. “A produção de alimentos é uma atividade que pode dar uma resposta imediata neste momento de crise. Com essa parceria, podemos diminuir o custo de produção, incentivar a adesão de mais produtores e reduzir o preço dos produtos no mercado”, finalizou o diretor-presidente da Pescap, Guarabichaba Martins.

Dulcivânia Freitas/Embrapa AP

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