Aedes pode transmitir zika, chikungunya e dengue em única picada, aponta estudo
Fenômeno foi testado em laboratório; na natureza, múltipla infecção é rara, diz cientista
Um estudo divulgado pela Universidade de Colorado, nos Estados Unidos, demonstra que o mosquito Aedes aegypti pode transmitir os vírus de zika, dengue e chikungunya em uma única picada. O fenômeno é conhecido como coinfecção — algo que os cientistas ainda não conhecem completamente, mas sabem ser comum em áreas de surto de doenças. A pesquisa com conclusões iniciais foi apresentada pela cientista Claudia Ruckert em um congresso da Sociedade Americana de Medicina e Higiene Tropical, em Atlanta. As informações são do site Eurekalert.
Embora os resultados tenham sido surpreendentes, a pesquisadora afirmou no encontro que ainda não há indícios de que as coinfecções sejam mais severas do que a contração de um único vírus. E completou dizendo que, na natureza, esse tipo de situação é extremamente rara.
Resultado inesperado
O primeiro relato de coinfeção por dengue e chikungunya se deu em 1967, segundo levantamento. Mais recentemente, coinfecções por zika e dengue, zika e chikungunya e mesmo os três vírus simultaneamente foram reportadas em surtos nas Américas do Sul e do Norte.
No congresso, Ruckert ressaltou que, em laboratório, sua equipe infectou um único mosquito com os três diferentes vírus para testar a transmissão de múltiplas doenças ao mesmo tempo. Os cientistas da Universidade de Colorado esperavam constatar que um dos três tipos se mostraria dominante no corpo do inseto antes da fase em que ele consegue transmitir doenças para os seres humanos. O estudo mostrou, entretanto, que todos os três conseguem se reproduzir sem dominância de um ou outro no organismo do Aedes aegypti.
Os sintomas de zika, dengue e chikungunya costumam ser semelhantes ao de uma gripe, incluindo febre, dor nas articulações e, por vezes, rash cutâneo. Em seres humanos, reforçam os pesquisadores, não há evidências de que as coinfecções representem algum tipo de preocupação maior do ponto de vista clínico, embora haja levantamentos contraditórios. Na Nicarágua, uma pesquisa com vários casos de coinfecção não resultou em diferenças significativas nos sintomas observados em hospitalizações ou tratamento. Outro estudo, entretanto, liga coinfecções a complicações neurológicas.
Vale ressaltar ainda que os casos de coinfecções nos pacientes são, provavelmente, pouco diagnosticados: “Dependendo do que os médicos observam e do tipo de diagnóstico utilizado, eles podem não notar que há a presença de mais de um vírus”, explicou Claudia Ruckert ao Eurekalert.
Por enquanto, a equipe de Claudia pretende estudar como dengue, zika e chikungunya se desenvolvem simultaneamente no corpo dos mosquitos. Os cientistas querem entender onde no organismo dos insetos os três vírus evoluem e, talvez, testar coinfecções com febre amarela — também transmitida pelo Aedes aegypti.
Do R7