Henrique Alves e Cunha são denunciados por corrupção
Ex-presidentes da Câmara são acusados de desviar dinheiro no estádio construído em Natal para a Copa do Mundo
Os dois últimos presidentes eleitos da Câmara dos Deputados foram denunciados por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa pelo Ministério Público Federal (MPF) no Rio Grande do Norte. Alvos da Operação Manus, um desdobramento da Operação Lava Jato, Henrique Eduardo Alves e Eduardo Cunha, ambos do PMDB e do grupo político do presidente Michel Temer, são acusados de receber propina em troca da aprovação de facilidade na construção de obras como a Arena das Dunas, estádio de Natal na Copa do Mundo de 2014.
Além dos dois peemedebistas, foram denunciados pelo MPF José Adelmário Pinheiro Filho, o “Leo Pinheiro”, presidente da OAS e que está preso na Polícia Federal, no Paraná; o executivo da Odebrecht Fernando Luiz Ayres da Cunha, que vem colaborando com as investigações; o empresário e ex-secretário de Obras de Natal, Carlos Frederico Queiroz Batista da Silva, conhecido como “Fred Queiroz”, atualmente preso no Quartel da PM, em Natal; e o empresário Arturo Silveira Dias de Arruda Câmara, sócio da Art&C Marketing Político Ltda., com sede na capital potiguar.
De acordo com o MPF, Eduardo Cunha e Henrique Alves criaram uma “parceria criminosa” por meio da qual solicitaram e aceitaram, pelo menos entre 2012 e 2014, “vantagens indevidas, de forma oculta e disfarçada, por meio de doações eleitorais oficiais e não oficiais, em razão da atuação política e parlamentar de ambos em favor dos interesses de empreiteiras”.
No caso da OAS, as propinas teriam sido pagas em troca da superação de restrições à participação da empresa na privatização dos aeroportos do Galeão (Rio de Janeiro) e de Confins (Minas Gerais) e na retirada de entraves ao financiamento do BNDES relativo à obra da Arena das Dunas.
Segundo o MPF, doações eleitorais de 6,85 milhões de reais feitas pela OAS à dupla entre junho de 2012 e setembro de 2014 eram propina.
Em outubro de 2014, dizem os procuradores, houve nova solicitação de propina. A Odebrecht, afirma a denúncia repassou pelo menos 1 milhão de reais, através dos diretórios Nacional e Estadual do PMDB. Eram, afirma o MPF, “valores devidos pela OAS, mas, em razão da afirmativa de ‘Léo Pinheiro’ de que não era viável a realização do pagamento naquela ocasião, as quantias acabaram sendo solicitadas à Odebrecht, para posterior compensação entre as empreiteiras.”
Nem todos os valores pagos pela Odebrecht teriam sido usados para “quitar” dívidas da OAS com os parlamentares. Em troca de interesses da própria Odebrecht, afirma o MPF, os ex-presidentes da Câmara receberam, de agosto a outubro de 2014, 2 milhões de reais em “caixa dois”, valor acertado com Fernando Luiz Ayres, “em razão da promessa de privatização da Companhia de Água e Esgoto do Rio Grande do Norte, operação na qual havia interesse da empreiteira em realizar investimento”.
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