Software da Fiocruz auxilia gestores públicos a lidar com mudanças climáticas
SisVuClima, já disponível no site do Ministério do Meio Ambiente (MMA), inicialmente beneficia 1.020 cidades de seis
Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apresentaram hoje (28/03), em Brasília, o software Sistema de Vulnerabilidade Climática (SisVuClima), capaz de prover técnicos, prefeitos e governadores com informações qualificadas que auxiliem na redução de efeitos de mudanças climáticas, protegendo, assim, a população de seus territórios de abrangência e subsidiando decisões quanto a priorizações no orçamento.
O SisVuClima, já disponível no site do Ministério do Meio Ambiente (MMA), inicialmente beneficia 1.020 cidades de seis estados (Paraná, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Maranhão e Amazonas), devendo ser estendido, posteriormente, a todo o país.
O diretor do Departamento de Políticas em Mudança do Clima do MMA, José Domingos Miguez comentou que, em uma fase preliminar, através de um levantamento feito pelo estado de Santa Catarina, se pôde observar que nem sempre o orçamento municipal é condizente com as necessidades dos habitantes. “Aumentar o gasto público nas áreas corretas significa ampliar a resiliência da população aos fenômenos”, pontuou.
Adaptação
O coordenador do projeto, o médico e pesquisador da Fiocruz Ulisses Confalonieri, destacou que, para que possa ser usufruído pelas demais unidades federativas, o sistema foi feito da forma mais genérica possível, podendo ser ancorado em qualquer contexto, independentemente de suas características regionais.
“O que a gente fez foi lançar uma metodologia básica. Com o uso, tudo pode ser aperfeiçoado, mudado ou até simplificado, dependendo do lugar. E o desafio era fazer alguma coisa que pudesse ser usada tanto no Norte como no Sul do país”, afirmou.
O projeto levou quatro anos para ser desenvolvido e custou R$ 2,8 milhões, financiados pelo Fundo Clima, administrado pelo MMA. Quatro pesquisadores da Fiocruz compuseram o núcleo de trabalho e optaram por fazer com que o sistema rode em um software livre, programado em Python (linguagem de programação amigável). Embora o público-alvo sejam os gestores, qualquer cidadão pode acessar o SisVuClima, não sendo exigido nenhum cadastro para a entrada.
Cientes de que a transversalidade é fundamental para orientar os gestores, os pesquisadores se basearam em 64 indicadores para construir sua análise, incluindo aspectos ambientais, sociais, demográficos, epidemiológicos e climáticos. No cálculo do chamado Índice Municipal de Vulnerabilidade, entram parâmetros como o Índice de Pobreza, que retrata cenários como a percentagem de analfabetismo, de domicílios sem saneamento e mortalidade infantil, e o Índice de Organização Política, que traz informações quanto à existência de conselhos e consórcios municipais que tratem da adaptação ao clima.
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