Compra de votos: MP Eleitoral pede condenação de deputadas eleitas no Amapá

Aline Gurgel e Aldilene Souza teriam distribuído vantagens a eleitores em troca de votos

O Ministério Público Eleitoral (MP Eleitoral) ajuizou, nesta terça-feira (11), duas ações por abuso de poder econômico contra as deputadas eleitas Aline Gurgel (PRB) e Aldilene Souza (PPL). As duas são acusadas de oferecer, por meio de intermediários, vantagens a eleitores em troca de votos. Conversas e áudios, analisados pela Polícia Federal, demonstraram a utilização de dinheiro e de itens como botijões de gás e medicamentos para a prática do ilícito eleitoral.

No caso da deputada federal eleita Aline Gurgel, a investigação demonstrou a compra de votos mediante entrega de dinheiro a eleitores. Pelo apurado, os cabos eleitorais William Lobato e Alcelina Lobato, conhecida como “Bianca Show”, agiam sob a coordenação da candidata para efetuar contato com os eleitores e, após, entregar dinheiro mediante promessa de voto. Hildegard Gurgel, marido de Aline, também fazia parte do esquema, dividindo a responsabilidade pela direção das ações praticadas pelos cabos eleitorais.

Além da captação ilícita de voto, por meio de valores em espécie, os investigados contrataram, no dia da eleição, motos e automóveis para efetuar o transporte de eleitores aos seus locais de votação, prática considera crime pela Lei Eleitoral. Trecho de mensagem enviada por Willian à Aline, em 6 de outubro, comprova: “conseguimo cinco táxi e três mototaxi aqui mais dois carros de apoio (…) tudo para senhora ser a deputada mais votada tá! Pode confiar no nosso trabalho que jamis vamos deixar de as pessoas levar pra votar por causa de carro tá. Tamo na luta aqui.” (sic)

Willian e Alcelina Lobato também atuavam como cabos eleitorais da deputada estadual eleita Aldilene Souza. Fotos, conversas e áudios gravados no aparelho celular de Willian indicam a doação de botijões de gás, entrega de legumes e verduras, além da marcação de consultas e exames como forma de comprar votos em favor de Aldilene. Tudo isso era supervisionado por Pedro Procópio da Silva Júnior, também cabo eleitoral de Aldilene.

Após a entrega de botijões de gás, em 25 de setembro, Willian encaminha um áudio de “prestação de contas” a Pedro: “A nossa deputada (menção à Aldilene) vai ser bem recompensada, vai vir uns votos bom aí! Só demorou o serviço porque você sabe, né? Tem que ter todo um cuidado! Tem que articular. Foi muito botijão entregue, foi 60 botijão entregue (…) todo mundo alegre (…) isso vai ajudar no nosso trabalho… Muito voto!” (sic)

Willian também mostra nos áudios que sabe que o que está praticando é crime eleitoral. Em uma das conversas ele repreende outras pessoas, a quem incumbiu de distribuir gás, para serem mais discretas: “Isso é crime eleitoral pessoal… se me pegarem em flagrante com esse gás, eu vou ser preso e vou prejudicar minhas candidatas ainda, tá entendendo?”

Penas – Além das candidatas, também respondem às ações os três cabos eleitorais, Willian e Alcelina Lobato e Pedro Procópio, e o esposo de Aline Gurgel, Hildegard Gugel. Em caso de condenação, a pena prevista é de inelegibilidade por oito anos, além da cassação do registro ou diploma do candidato diretamente beneficiado. Se for o caso, também há a possibilidade de instauração de ação penal.

Operação – Na última semana, a Polícia Federal deflagrou a Operação Cícero, que realizou busca e apreensão de documentos e equipamentos nas residências das duas deputadas eleitas e dos três cabos eleitorais envolvidos no esquema. O inquérito que analisa o material recolhido ainda está andamento. Após a conclusão, e a depender das provas encontradas, o MP Eleitoral pode solicitar a inclusão de novos documentos aos processos.

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