Como ‘esticar’ o seguro-desemprego
Usar bancos com tarifas baixas ajuda a reduzir gastos de até R$ 450 em seis meses
EDDA RIBEIRO*
io – Mais 892 mil trabalhadores entraram na conta do desemprego no país, segundo pesquisa do IBGE no primeiro trimestre do ano. Ao todo, agora, são 13,1 milhões de brasileiros sem ocupação. E quem foi demitido recentemente e teve carteira assinada por mais de seis meses poderá dar entrada no seguro-desemprego. O pagamento varia de três a cinco parcelas e pode chegar a R$ 1.735,29, dependendo do salário recebido durante a ocupação. Mas como garantir que o dinheiro do benefício dure um pouco mais?
Soluções práticas como registrar os gastos para lidar com o período sem emprego podem ser o caminho das pedras para a grana não acabar logo. Eliminar tarifas, como as bancárias, também é uma boa saída, segundo especialistas. Seja de conta corrente ou poupança, as taxas chegam a um gasto semestral de R$ 450, dependendo do banco, uma boa redução de gastos para quem precisa eliminar custos de imediato.
Revisar o orçamento é o outra medida, segundo Alexandre Amorim, gestor de investimentos da Par Mas. “Ao saber para onde vai o dinheiro, é mais fácil controlar gastos supérfluos”, explica. Para ele, o ideal é que, caso o trabalhador tenha direito, evite usar o saldo do FGTS, e deixá-lo como reserva.
“Mesmo apenas com gastos mais necessários, que devem ser avaliados pelo trabalhador, é possível que o valor não seja suficiente para fechar o mês. Negociar pagamentos é uma estratégia, como uso de cheques pré-datados em supermercados, consultas médicas, ou fornecedores mais populares e próximos, além pedir mais dias, dividir prestações maiores ou optar por boletos”, revela. Ao mesmo tempo, Amorim sugere priorizar pagamentos que não são negociáveis, como contas de água, luz, telefone e internet.
REGISTROS RIGOROSOS
Para o professor da Faculdade Celso Lisboa Hélio Meirim, o registro de gastos precisa ser rigoroso. “Deve fazer anotações em um caderno, em uma planilha, ou aplicativo, mas é crucial constar todos os gastos, mesmo que sejam pequenos. Por exemplo, se na segunda-feira foi à entrevista de emprego, anote quanto gastou de passagem, de xerox dos documentos, com água, com refeição. Ao término de cada dia, verifique o custo e, se houve item não essencial”, recomenda.
Regra que deve ser seguida é sobre atrasos de pagamento. Numa situação de pressão, tendo que deixar de pagar, deve-se calcular as consequências. “Fuja das tarifas altas, dos juros ao cheque especial ou do rotativo do cartão de crédito”, orienta Amorim.
Eliminar tarifa bancária para evitar despesa
O especialista Paulo Marchetti, CEO da empresa ComparaOnline, acentua que a redução de itens supérfluos no orçamento pode ser feita nos mais diversos gastos. Diante da necessidade da abertura de uma nova conta bancária, por exemplo, para o recebimento do seguro desemprego, é preciso reduzir outro vilão: as tarifas. Marchetti listou alguns produtos que são interessantes para quem for reduzir esses custos.
“Alguns bancos oferecem rendimento fácil para esse dinheiro, que rentabiliza o valor ou que têm a possibilidade de transferir o valor facilmente para fundos do próprio banco. É preciso ter cuidado”, afirma Paulo Marchetti.
Segundo Rogério Braga, que é educador financeiro, o dinheiro de quem está desempregado precisa estar a salvo das taxas.
“Retirar do dia a dia as tarifas ajuda a proteger o dinheiro”, revela. Segundo o especialista, a média de gastos com taxas bancárias pode chegar a R$ 80 por mês, totalizando a R$ 450 durante o tempo médio de recebimento do seguro-desemprego.
Há produtos no mercado em que os custos mensais são zero. No Itaú Unibanco, por exemplo, a Conta Serviços Essenciais garante ao usuário quatro saques gratuitos por mês, assim como o produto de mesmo nome no Santander.
Além disso, os demais saques ficam abaixo do cobrado pelo mercado: R$2,30 cada. Tais produtos da conta do Banco do Brasil, não apresentam custo mensal de manutenção.
Outra opção apresentada por Marchetti são os bancos digitais, como Nubank, com abertura e movimentação, como TED e DOC, sem custos.
Benefício só poderá ser sacado com conta na Caixa
Os trabalhadores que tiverem direito ao seguro-desemprego terão que abrir conta corrente ou poupança para receber o valor do benefício. A partir 1º de julho, o pagamento do benefício será feito apenas por meio de depósito em conta, e não mais via saque direto em agências da Caixa Econômica Federal. Ou seja, os beneficiários deverão ser correntistas do banco.
O seguro-desemprego é um abono pago, em parcelas, de forma contínua ou alternada, de acordo com o tempo trabalhado. Pode chegar a R$1.735,29, dependendo do salário recebido pelo trabalhador durante a ocupação.
Podem receber o seguro, empregados que foram dispensados de trabalhos formais, com carteira assinada. Atualmente existem cinco modalidades para pagamento do benefício. Há ainda as modalidades pescador artesanal, empregado doméstico, trabalhador resgatado e bolsa de qualificação profissional.
Segundo o Ministério do Trabalho, pelo menos 55% dos demitidos no país já recebem por meio de depósito na Caixa. Para obter o valor, o trabalhador demitido que não possui conta no banco estatal deverá se dirigir à qualquer agência e requisitar a abertura de conta corrente ou poupança.
Os dados bancários devem ser informados no requerimento do seguro-desemprego, e após o depósito, será possível transferir o dinheiro, no caso de quem possui contas em outros bancos.
Desde o dia 20 de dezembro, a entrada no pedido de recebimento do seguro-desemprego é feita pelo portal do Emprega Brasil https://empregabrasil.mte.gov.br/. No acesso, são pedidos dados pessoais, além de questionário sobre as funções já desempenhadas pelo requente e dados de previdência.
Quem optar por fazer o pedido do seguro presencialmente, pode solicitar o benefício nas SRTE – Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego, SINE – Sistema Nacional de Emprego e outros postos credenciados pelo MTb – Ministério do Trabalho.
*Estagiária sob supervisão de Max Leone.