Xô, estresse! Sete passos para controlar a ansiedade e ter uma vida mais leve
Uma das pioneiras na defesa de mudanças na rotina que geram mais qualidade de vida, a psicóloga Ana Maria Rossi comemora os 30 anos de seu projeto Yoga na Praça
Nathália Carapeços
O mundo está mais estressante do que há 30 anos. Para combater o ritmo frenético do século 21, Ana Maria Rossi, psicóloga e diretora da Clínica de Stress e Biofeedback, defende pequenas mudanças na rotina. Mesmo assim parece difícil? A especialista facilita o processo: desde março de 1990, oferece, no projeto Yoga na Praça, aulas gratuitas de ioga na Capital para quem busca mais qualidade de vida aos domingos de manhã. São três décadas ininterruptas – inicialmente na Encol, os encontros agora são realizados no Parcão, sempre às 10h30min.
– Só cancelamos se chove. Quando viajo, há substitutas que dão as aulas. Tem uma senhora de 91 anos que está há 10 anos lá comigo. E pessoas de todos os perfis: idosos, crianças, tudo – conta Ana Maria, que também é presidente da International Stress Management Association (Isma-BR).
No início, as aulas de ioga ao ar livre geraram curiosidade. Exercícios que ajudavam no autoconhecimento e impactavam na qualidade de vida não eram tão populares assim no início dos anos 1990. Hoje, o bem-estar está na boca do povo – o queridinho da vez é o mindfulness –, embora os números mostrem que a população está cada vez mais estressada.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgados no ano passado colocam o Brasil no topo da lista quando o assunto é ansiedade – 9,3% convivem com o transtorno. As pesquisas da Isma-BR também seguem o mesmo caminho: um estudo finalizado em 2018 indica que o estresse afeta 72% dos brasileiros. O problema é a discrepância entre a exaltação do bem-estar no discurso e a falta de aplicação no dia a dia.
– As pessoas têm mais informação do que há 30 anos e não colocam em prática. O gerenciamento do estresse não está baseado em teoria, e sim, em prática. A sociedade ocidental está focada no tratamento, não na prevenção. É como band-aid. Precisamos pensar no bem-estar como investimento. Ele é um prato bonito que enche os olhos, mas ninguém come – avalia a psicóloga. – Tem slow food, slow isso, slow aquilo. Mas o que você assiste no seu dia a dia? As pessoas mais impacientes, correndo cada vez mais, engolindo a comida e falando no celular. Mas gostam de falar em slow alguma coisa, né (risos)? É chique falar sobre slow.
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E a experiência de Ana Maria no consultório aponta que principalmente as mulheres estão sendo exauridas pelas demandas e cobranças. O desejo de perfeição em todas as áreas é um dos principais inimigos do público feminino na busca por uma vida mais leve, conta Ana Maria:
– Elas costumam ter dificuldade de pedir ajuda. Trabalharam o dia inteiro, chegam em casa, cozinham, vão ajudar o filho. Acabam negligenciando as suas próprias necessidades. As mulheres costumam achar que só elas sabem fazer as coisas. Precisamos de flexibilidade. A mulher está se dando conta de que está adoecendo, perdendo a satisfação nas coisas. Estamos caminhando, mas há muito a aprender e a praticar. A busca é para nos sentirmos produtivas, bem-sucedidas e respeitarmos as nossas próprias necessidades e desejos.
A especialista destaca que o estresse em si não é uma doença. Na verdade, são situações que exigem adaptação. As tão merecidas férias podem causar estresse, mas de forma positiva. Há necessidade de adaptação a uma nova rotina.
Já uma demissão indesejada ou a descoberta de uma doença têm impacto negativo. O segredo é aprender a encarar esses desafios de forma resiliente, focando no gerenciamento de emoções.
– Todo mundo vai passar por situações de estresse. Uma pessoa que tem um estilo de vida saudável tem muito mais resistência para enfrentá-lo. É uma forma de prevenção. As pessoas ficam mais vulneráveis dependendo do estilo de vida – explica Ana Maria.
Tudo começa com pequenas mudanças na rotina. Não sabe como dar o primeiro passo? Veja sete dicas da psicóloga para buscar o bem-estar e administrar o estresse no dia a dia.
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