Coleção de bancos de madeira inspirada nas histórias da floresta gera renda para comunidade do Amazonas

A coleção “Esse dito bicho” é uma iniciativa do Instituto A Gente Transforma, Fundação Amazonas Sustentável, Petrobras e comunidade Terra Preta.

Bancos de madeira inspirados nas histórias e lendas da Amazônia, mas que também geram renda para comunidade. É o objetivo da coleção “Esse dito Bicho” lançada, nesta semana, resultado de uma parceria idealizada pelo Projeto Amazonas Sustentável, desenvolvido pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS), Petrobras, Instituto A Gente Transforma, o arquiteto Marcelo Rosenbaum e a comunidade de Terra Preta, localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Rio Negro, a 80 km de Manaus. Os produtos são comercializados pela empresa Dpot Objeto por meio do Whatsapp (11) 99907-3189.

O trabalho foi conduzido através da tecnologia social chamada Design Essencial, que consiste numa imersão do Instituto A Gente Transforma com a comunidade para identificar seu potencial e possibilitar o resgate de seus saberes ancestrais, e a criação coletiva, inspirada em seu imaginário cultural.

Durante 10 dias foi proposto para 17 homens da região, sem qualquer experiência em esculpir, o desenvolvimento de produtos em madeiras, resíduos do manejo da Floresta Amazônica, e que carregassem em si um pouco da história e cultura da região. Também teve o objetivo de movimentar a economia local e possibilitar a permanência dessas pessoas em sua terra natal, em harmonia com a floresta.

Segundo o coordenador do projeto na FAS, Gil Lima, a proposta foi baseada na essência da economia circular com o foco especial num conjunto de soluções que contribuam positivamente para uma nova geração de renda aos moradores da comunidade de Terra Preta, de baixo impacto ambiental, incentivando o uso sustentável da biodiversidade, promovendo conservação do meio ambiente e desenvolvimento social local, além de cuidar das pessoas que cuidam da floresta.

A proposta foi inspirar a criação das peças em madeira nas incríveis histórias da floresta repassadas por gerações. “Numa grande roda de contação de histórias, com a colaboração de todos, os desenhos dos objetos de madeira foram surgindo a partir do lápis de um artesão. Os bancos juntam fragmentos de imagens desse universo compartilhado”, comentou Gil.

O Banco “Lili-Pé Melado” traz as representações da Lili, uma cobra gigante que surgiu no Rio Negro após um terremoto e o “Pé-melado” conta a história de um par de pés que caminha a noite pela lama da comunidade e já foi ouvido por vários artesãos. O “Banco de Duas Cabeças” traz em si a história do avô de Sérgio, um dos artesãos, que se transformava em porco; o “Banco do Matin” é um pássaro encantado sem penas e feito só de ossos, que possui um assovio arrepiante e já perseguiu alguns dos homens.

ALGUMAS DAS ESTÓRIAS DE TERRA PRETA

A COBRA LILI

Uma cobra preta que sempre aparece, deixando imensas marcas perto do rio. Estimam que tenha entre 7 e 8 metros de comprimento e muitos já a viram boiando no rio. Para alguns, a cobra surgiu há 30 anos saindo de uma fenda após um terremoto na região.

CAÇADOR PERVERSO

Um caçador perverso atirou em uma Guariba que carregava um filhote, ignorando o gesto que o animal fazia com a mão para se proteger. Após o tiro, todos os demais macacos do bando desceram da árvore e o atacaram. O homem ficou transtornado e morreu em 3 dias.

PADRE SEM CABEÇA

A entidade é vista sempre na mata convidando as pessoas que passam para fumar.

SOBRE TERRA PRETA

A comunidade de Terra Preta está localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Rio Negro, na margem norte do rio a 80 km de Manaus, aproximadamente 5 horas de barco. Seu nome vem do solo escuro e fértil que permeia a Bacia Amazônica. O local não faz parte do roteiro turístico do Rio Negro e possui como principal atividade econômica a extração da madeira e o monitoramento da floresta. A pequena comunidade de aproximadamente 230 pessoas possui quatro igrejas e apenas uma escola que atende aos alunos do ensino fundamental ao médio.

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