Comunidades e empresas debatem sobre parcerias para manejo florestal comunitário na Amazônia
Realizado por Idesam e Imaflora, evento buscou aproximar diferentes agentes para desenvolvimento das ações de manejo florestal na região
Com o objetivo de dialogar sobre as possibilidades de parcerias entre comunidades e empresas para exploração madeireira de forma sustentável, nesta semana, foram realizados dois eventos digitais do projeto Florestas Coletivas – um encontro e um fórum reunindo comunitários, empresários e especialistas da área para debater o tema.
Os eventos foram organizados pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam) e Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), com apoio da Aliança para o Clima e Uso da Terra (CLUA, na sigla em inglês). A transmissão gravada está disponível no canal do Imaflora no YouTube (https://youtu.be/YdNRIeU0cHw) e no Facebook (https://pt-br.facebook.com/idesam) do Idesam.
Durante o fórum, o gerente de Manejo e Tecnologias Florestais do Idesam, André Vianna, explicou que o projeto Florestas Coletivas tem o objetivo de fomentar o manejo florestal comunitário a partir de parcerias diversas, considerando todo o potencial da região para a produção de madeira legal através de planos de manejo sustentáveis e evolução também nas parcerias entre comunidades e empresas do setor de base florestal.
“Identificamos na atividade empresarial uma forma de parceria para o fomento do manejo florestal, já que nossa região (amazônica) tem um grande potencial de áreas para o manejo comunitário, mas possui limitações de recursos financeiros nas comunidades. Em contrapartida, tem empresas com capital para investir, mas que têm dificuldade para acessar essas áreas de recursos florestais. O projeto quer unir essas duas potencialidades, tornando essa relação equilibrada, pensando em salvaguardas e ações para que o benefício seja para ambos os lados”, aponta André Vianna.
Orientar sobre os diferentes tipos de acordos entre empresas e comunidades para que a união seja benéfica é uma das características do projeto. O assunto foi destaque nas apresentações do coordenador sênior de projetos do Imaflora, Marco Lentini, e da consultora na área socioambiental do Idesam, Ana Luiza Violato Espada.
Segundo eles, no material coletado na primeira fase do projeto – com pesquisas, entrevistas e grupos focais – há pontos de atenção para a realização dos acordos, como as salvaguardas para garantir o equilíbrio entre as duas partes, que são: transparência e preocupação social da empresa, o protagonismo da comunidade, o contexto atual de cada território, a inclusão de produtos além da madeira no processo de manejo florestal, entre outros. Ana e Marco apontam ainda que esses processos são importantes para garantir benefícios para todas as partes.
“Não há modelos certos ou errados. Acredito que o ponto principal é como preparar os acordos (entre empresas e comunidades) para serem convenientes a cada tipo de contexto da comunidade, se buscam um modelo autossustentável, com participação ativa ou terceirizada e com ampla atuação da empresa. Tudo deve ser analisado e bem estruturado”, ressalta Marco.
“Os acordos englobam as relações entre comunidades e empresas, contratos firmados por elas, e isso é feito em busca de benefícios para todas as partes, no âmbito social, ambiental, econômico e operacional”, afirma Ana Violato Espada. “O contrato é, na realidade, uma ferramenta formal em um processo que começa com a definição do por que criar a relação com a empresa, avaliação dos impactos, criação de salvaguardas e outros passos que garantem a boa relação a longo prazo”, finaliza.
Já o representante do Observatório de Manejo Florestal Comunitário e Familiar (OMFCF), e analista socioambiental do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), Alison Castilho, indiciou ações que precisam serem realizadas em busca de melhorias para as comunidades, como políticas públicas de acesso à crédito para a independência dos comunitários.
“Ainda há dificuldades para superar, mas temos um bom acúmulo nesse processo, que pode contribuir futuramente para a boa relação entre empresas e comunidades. Acreditamos que o manejo florestal comunitário é uma das ações com potencial de combate ao desmatamento, uma estratégia de conservação da nossa floresta em pé e é preciso fomentar esse processo”, afirma.
Os materiais gerados sobre o assunto a partir dos estudos, do Imaflora e do Idesam, estão disponíveis nos sites das instituições www.imaflora.org//publicacoes e www.idesam.org/publicacoes.
Encontro Florestas Coletivas
O primeiro evento sobre o Florestas Coletivas foi um encontro virtual realizado apenas para convidados, principalmente empresas e representantes de comunidades, que participaram da primeira fase do projeto.
No encontro, várias ações foram abordadas como a melhoria do diálogo e transparência entre empresas e comunidades, fortalecimento de políticas públicas, capacitação dos comunitários, principalmente das mulheres, fortalecimento da autonomia local, entre outras.