João Silva: O Afuá é nosso
Vendo esse caboclo inteprido levando matapis sobre as águas de onde arranca o pão de cada dia no município do Afuá-PA, aqui pertinho de nós, mais uma vez o escriba foi assaltado pela verdade histórica que une afuenses e amapaenses.
Fato que somos próximos, muito próximos; somos todos filhos da Foz do Rio Amazonas – amapaenses e afuenses!, estes separados de nós, inicialmente, pela criação do Território Federal do Amapá em 1943, e depois pela transformação do Amapá em Estado, com a promulgação da Constituição de 1988!
Verdade verdadeira os dois povos nunca se separaram, seguem entrelaçados por necessidades urgentes e inadiáveis, por afinidades regionais, pela cultura e sentimentos fraternos; de todas as localidades pertencentes a mesorregião do Marajó, o Afuá é aquela mais próxima dos amapaenses.
Macapá, e não Belém, Capitall do Estado a que pertence, segue sendo a meca dos afuenses; um deles, Waldez Goés, bem ou mal, governa o Amapá por quatro mandatos; outro afuense, João Capiberibe, tirou dois mandatos e o filho foi governador do Estado de 2010 a 2014; nas outras instâncias do poder o que não falta é afuense.
É bom lembrar o Festival do Camarão e o arrastão das férias de julho que chega a levar de 40 a 50 mil turistas à Veneza Marajoara, maioria de famílias amapaenses que se somam aos afuenses radicados em Macapá, acrescidos de quantidade menor de turistas vindos de outras partes, inclusive de Belém do Pará.
É, mas chega uma hora que o afuense precisa de horizontes mais largos que os de uma cidade de palafitas; precisa de assistência médica, de hospitais, de lazer, de escolas, de ensino superior, de empregos, de de tudo, de muitas coisas que o Afuá não pode oferecer aos mais jovens, principalmente, necessidades que são transferidas, e atendidas pelo Amapá sem qualquer contrapartida, sem ranço ou bairrismo.
Aí é que corre no Congresso Nacional três projetos alterando o mapa do Estado do Pará, criando três novos estados, iniciativa que já enfrenta resistência de parte da classe política local e deve dar muito o que falar.
Eis um clima que poderia interessar ao povo amapaense se devidamente avaliado do ponto de vista econômico com a apresentação de uma emenda no CN propondo a anexação do Afuá ao Estado do Amapá, dando fim a uma anomalia que nos separa dos nossos irmãos do Afuá, como já o fizeram sabiamente a cultura, a história e a natureza.