MPF acompanha ações adotadas em caso de assassinato de ambientalistas no Pará

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – O Ministério Público Federal do Pará (MPF-PA) instaurou um procedimento administrativo nesta terça-feira, 18, para acompanhar as providências adotadas pelos órgão públicos em relação ao assassinato da família de ambientalistas no município de São Felix do Xingu, interior do Estado. O crime teria acontecido no dia 9 deste mês, mas o corpo de José Gomes, conhecido como ‘Zé do Lago’, da mulher dele, Márcia Nunes Lisboa e da filha do casal, Joene Nunes Lisboa, só foram encontrados em 11 de janeiro.

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A portaria do procedimento foi publicada no Diário Oficial do MPF e assinada pelo procurador da República Rafael Martins da Silva. O documento termina ainda que a Divisão de Homicídios de Marabá e o Núcleo de Apoio à Investigação (NAI) da Polícia Civil de Redenção esclareçam as ações tomadas tanto para elucidação do caso quanto para proteção da família das vítimas e demais defensores dos direitos humanos da região.

Documento está publicado no Diário Oficial do MPF (Reprodução)

À Polícia Militar do Pará (PM-PA), de acordo com a publicação, o Ministério Público Federal determina que seja informada apenas as providências tomadas para proteção da família dos ambientalistas e dos defensores dos direitos humanos do local. Na semana passada, o MPF chegou a encaminhar nota às autoridades paraenses pedindo que os assassinatos não fiquem impunes e que as investigações sejam agilizadas.

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Ataques constantes

A família de Zé do Lago vivia na região da Cachoeira da Mucura, em São Felix do Xingu, há mais de 20 anos, onde era conhecida pelo trabalho ambiental de proteção de quelônios. O assassinato das vítimas aconteceu em local próximo a residência deles, com suspeita de atuação de pistoleiros.

Três ambientalistas da mesma família são assassinados no interior do Pará -  Agência Cenarium
Registro mostra família. (Reprodução)

O filho do ambientalista Zé do Lago descobriu o crime após encontrar a família morta. Em vídeos compartilhados nas redes sociais, é possível ver um dos corpos dos flutuando no rio Xingu, outro caído próxima à água e o terceiro descalço em uma poça de lama. Para o MPF, o crime está inserido em um contexto de reiterados ataques a ambientalistas e defensores dos direitos humanos no Brasil.https://a9d025a0044b7923f72ae2e573fdc472.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

O caso ganhou repercussão nacional e internacional, como no jornal britânico The Guardian e na Anistia Internacional, que pediu providências às autoridades brasileiras ao emitir, em um comunicado público, indignação com o assassinato.

Acompanhamento

A ex-ministra do Meio Ambienta Marina Silva (Rede), nas redes sociais, lembrou da importância das autoridades policiais do Pará para que não meçam esforços para elucidar o crime e punir os assassinos, inclusive pedindo ajuda da Polícia Federal.

Segundo os números do relatório da Organização Não Governamental (ONG) Global Witness, o Brasil é o 4º País do mundo com maior número de ambientalistas assassinados em 2020, com 20 mortes. Em 2019, o País era figurava nas três primeiras posições da lista, com 24 óbitos registrados no ano.

Somente nas últimas quatro décadas, de acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), 62 trabalhadores rurais e lideranças comunitárias foram mortos em conflitos de terra no São Félix do Xingu. Por conta disso, Ministério Público Federal considera a necessidade de acompanhar o trabalho dos órgãos de segurança pública e de avaliar a proteção da família das vítimas.

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