Apesar de 109 milhões gastos em limpeza pública, ruas de Manaus são tomadas pelo lixo
Marcela Leiros – Revista Cenarium
MANAUS — Conforme a CENARIUM noticiou nessa segunda-feira, 31, a Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp) de Manaus pagou, apenas em 2021, mais de R$ 70 milhões à empresa Mamute Conservação, Construção e Pavimentação Ltda. para, principalmente, serviços de limpeza de vias e logradouros na cidade. Já em 2022, a secretaria fechou contrato de R$ 39 milhões com a empresa para prestação do mesmo serviço. Mas apesar dos milhões empregados para a limpeza urbana, as ruas e calçadas de Manaus continuam cheias de lixo, principalmente de lixeiras viciadas.
Na esquina da Feira Coberta da Japiinlândia, no bairro Japiim, zona Sul, está o exemplo de como alguns pontos se tornaram lugares de descarte irregular de lixo e permanecem assim. Sacos de comida, móveis e até galhos de árvores podados ficam jogados quase no meio das vias. Nos poucos minutos em que a reportagem esteve no local, moradores despejaram resíduos indiscriminadamente.
O visual, assim como o odor, incomodam moradores, como conta a aposentada Luzia Moreira, que reside no bairro há mais de 50 anos. À CENARIUM, Luzia explicou que a lixeira viciada funciona desde que “ela se lembra”. “Isso lá é cidade? Passo todo dia aqui e esse cheiro, isso é lá coisa que se faça, principalmente em um lugar perto de onde a gente compra comida?”, questiona ela.
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Outra fonte que não quis se identificar, mas que tem familiares que residem no bairro, contou que o lixo acumulado atrapalha o tráfego de passageiros que precisam do transporte público. “Já teve várias vezes, quando vou de ônibus [até o bairro], que ele para bem na esquina e abre a porta em frente à lixeira. Isso dificulta até a gente descer do ônibus. É horrível, um odor insuportável”, disse.
Ainda no bairro Japiim, mas na Rua Aluísio Brasil, outra lixeira ao ar livre chama a atenção. A calçada em frente à Escola Municipal Amine Daou Lindoso estava, até a manhã desta terça-feira, 1º, com restos de um colchão, madeira e até mesmo sapatos. Outra moradora do bairro, a dona de casa Sandra Maria, que também despeja lixo no local, relatou que sabe os incômodos que o acúmulo de resíduos causam, mas é o único lugar que encontrou para despejá-los.
“Tem mais de anos isso aí, moro aqui dentro [no beco] e o caminhão de lixo não chega na minha casa, aí venho jogar aqui. As pessoas jogam lixo porque o único lugar que tem disponível dessa região aqui todinha. Aqui, eles jogam de todo canto, vem gente de carro de outras localidades jogar lixo aqui”, explicou Sandra.

Mais lixo
A cena desagradável se repete em outras zonas e bairros da cidade. A CENARIUM encontrou lixos acumulados em outros pontos do mesmo bairro já citado e no bairro São Raimundo, zona Oeste. Logo em frente ao porto que leva o nome do bairro, e que é uma das portas de entrada da cidade, pneus, sofás e restos de obras fazem parte da paisagem de quem passa pelo local.




Contratos milionários
A Secretaria Municipal de Limpeza Pública (Semulsp), gerida pelo secretário Sabá Reis, dispensou uma licitação para “contratação emergencial de empresa especializada para realizar o serviço de conservação e limpeza de logradouros públicos da cidade de Manaus” e firmou contrato com a empresa Mamute Conservação, Construção e Pavimentação Ltda. no valor de mais de R$ 39 milhões. Os valores pagos em contratos da secretaria com a empresa, apenas em 2021, superam R$ 70 milhões.
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O serviço deve ser executado pela empresa no período de 180 dias, ou seja, seis meses, já em vigor desde o dia 1º de janeiro deste ano, segundo consta na dispensa de licitação publicada no Diário Oficial do Município (DOM). Calculado, o valor pago por dia de serviço é de R$ 217,8 mil.https://53c3e524981d35c31faf49c1305bcd72.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

No Portal da Transparência da Prefeitura de Manaus, a Semulsp já pagou à Mamute Conservação, Construção e Pavimentação Ltda. um montante R$ 79.921.352,88 de janeiro a dezembro de 2021. Dos 18 contratos firmados no ano passado, dois superam R$ 7 milhões.