“Goma”, novo álbum de Brenda Zeni chega nesta sexta-feira às plataformas digitais
A regionalidade convexa experimental de Brenda Zeni parte das memórias da infância que chegam ao rock LGBTQIA+ ET de Cétera e o Tal
Aterriza nas plataformas de streaming o primeiro disco completo de Branda Zeni. Chamado “Goma”, ele chega nesta sexta-feira (25) para integrar a coletânea da Pororoca Sound, produção da Ói Nóiz Akí, patrocinada pelo programa Natura Musical.
Dona Zilda, avó da artista conta e canta “…pra falar verdade, o rapaz que ela se encontrava era um bicho… Ele entrou na casa e comeu a Maria. Foi assim e acabou.” Essa é uma parte da história de Maria Pereré contada por ela numa das faixas do álbum. Zilda é a primeira referência musical que Zeni tem lembrança. A avó embalava o sono da menina com histórias que sempre tinham uma parte cantada, assim Vovó Zilda nasce oficialmente como artista neste álbum da neta.
Além da Vovó, Zeni têm influências inevitáveis como Rita Lee, Tom Zé e frequências mais novas como Karina Buhr, Bárbara Eugênia e Lulina, que surpreendeu a artista aceitando seu convite para tentar compor uma música em parceria. A experiência deu certo e duas músicas nasceram.
“Conheci Brenda pela internet e quando ela me perguntou se eu toparia arriscar compor junto com ela, também ela não tinha certeza se isso daria certo. E isso me animou ainda mais, porque tudo vira um experimento, uma tentativa – sem grandes expectativas ou pretensões -, o que ajuda a chegar em resultados divertidos e processos mais leves. Nessas trocas aleatórias no WhatsApp fomos construindo letras, melodias e desconstruindo tudo sem pressão e no nosso tempo, guiadas apenas pela alegria da invenção”, revela Lulina.
O disco traz a raiz amapaense da artista unida a liberdade do experimentalismo que ela tanto aprecia. Contém participações de artistas que são referências da cultura local, como Tia Esmeraldina Santos, escritora, artesã e cantora do quilombo do Curiaú, Lady Madonna, baixista e backing vocal da banda Amélia Lunar. Composições de Alan Flexa e de Rafael Senra, que em 2021 foi pré-indicado ao Grammy. E de fora do Amapá a cantora, compositora e instrumentista pernambucana, Lulina, recentemente premiada por diversos trabalhos originais como o PPM (Prêmio Profissionais da Música) pelo seu projeto infantil Babá Eletrônica e indicação para a APCA do seu disco “Desfaz de conta”, ambos lançados pela gravadora Yb Music.
Brenda conta que já tinha notado sua facilidade de passear por timbragens vocais diferentes e isso sempre a deixou com muitas dúvidas na cabeça, pois se encaixava em vários estilos e por isso acabava flutuando entre os gêneros musicais com facilidade. Não achava que pertencia a lugar nenhum, por modular a voz tão naturalmente a cada música que parece uma intérprete diferente em cada faixa. “Ouvi isso na Oficina de Composição do Paulinho Bastos quando ele me disse que essa é uma capacidade não muito comum e que eu devia continuar explorando. Então pensei… ‘é isso, vou assumir ser mutante e não ser ninguém.’ Este podia até ser o nome do disco, mas me apaixonei pela faixa Goma, então … rs”, pontua Zeni.
Cantora, compositora e instrumentista radicada no Amapá, a rockeira passou a fazer parte da cadeia produtiva da música em 2010, interpretando grandes sucessos que a influenciavam. Em 2011, ganhou sua primeira premiação – de melhor intérprete – no Festival da Assembleia Legislativa Amapaense. Em 2015 conheceu o Alan Flexa, produtor da Zarolho Records, que tornou possível a gravação da artista, que já acumulava composições há alguns anos.
Em 2017, Brenda Zeni começou a lançar singles que depois formaram seu primeiro disco, chamado “Quebra do Feitiço”. E passou a disputar festivais on-line e presenciais, levando sua música, inclusive, para fora do Amapá. Esta primeira leva de trabalhos permeou vários estilos, como o folk, blues, pop, bolero-tango, porém o rock acabou se espalhando por quase todos as produções.
Em 2018 participou do enriquecedor Festival Sonora, em Palmas – Tocantins, que é voltado para a troca de experiências entre artistas mulheres. Já mais habituada com os processos de composição e gravação. Em 2019, Zeni tomou mais controle da sua produção musical, o que resultou em um som mais experimental sempre com a energia do rock presente. Naquele mesmo ano, a artista fez uma temporada de shows em Belém do Pará, sua cidade natal, sempre se pronunciando como artista Amapaense.
Em 2020, mesmo diante da grande adversidade mundial pandêmica, Brenda se manteve firme na produção e lançamento de singles e videoclipes. Dentre eles, “Minas Armadas” traz uma forte reflexão sobre o papel da mulher na sociedade, temática muito presente no ativismo da artista. Este diferencial oi um dos motivos que levaram à sua seleção para participar do projeto Pororoca Sound com mais oito artistas do Amapá com patrocínio do Programa Natura Musical, onde foram produzidos seu novo álbum laçado agora e o clipe que deve chegar às plataformas de streaming ainda neste mês.
Enquanto isso, o disco “Goma”, é lançado oficialmente e Brenda Zeni se prepara para realizar shows de divulgação, começando pelo Pará e Argentina, potencializando a carreira nacional e internacional. O ano de 2022 promete muitos eventos importantes, além das viagens para apresentações em público, também está na agenda a participação da cantora no canal de Youtube Show Livre, que recebe grandes artistas das mais diversas áreas.
“Recentemente lançamos o primeiro álbum da MC Deeh, que revelou a voz do rap produzido pela mulher negra com raízes na periferia de Macapá. Não muito distante dela, agora apresentamos Brenda Zeni, nossa grande referência do rock experimental na voz feminina. Ela se diferencia na cena local pelo desejo de inovar e desafiar concepções ditas normais de como a música deveria ser. Como resultado, temos uma identidade consolidada, um processo no qual a artistas escreve a própria história de resistência encorajando outras manas na luta pela integração das mulheres no mercado fonográfico. Ao considerarmos a música enquanto linguagem universal, acreditamos que este novo álbum é plural e capaz de abraçar a diversidade em todas as suas formas”,resume Claudio Silva, Produtor da Ói Nóiz Akí – Pororoca Sound.
“A música propõe debates pertinentes, que impactam positivamente na construção de um mundo melhor. Acreditamos que os projetos selecionados pelo edital Natura Musical podem contribuir para a construção de um futuro mais bonito, cada vez mais plural, inclusivo e sustentável”, afirma Fernanda Paiva, Head of Global Cultural Branding.
Pororoca Sound foi selecionado pelo programa Natura Musical, através do Edital 2020, ao lado de nomes como Linn da Quebrada, Bia Ferreira, Juçara Marçal, Kunumi MC, Rico Dalasam. Ao longo de 16 anos, Natura Musical já ofereceu recursos para mais de 140 projetos no âmbito nacional, como Lia de Itamaracá, Mariana Aydar, Jards Macalé e Elza Soares.
Sobre Natura Musical
Natura Musical é a plataforma de cultura da marca Natura. Desde seu lançamento, em 2005, o programa investiu cerca de R$ 174,5 milhões no patrocínio de mais de 518 projetos – entre trabalhos de grandes nomes da música brasileira, lançamento e consolidação de novos artistas e projetos de fomento à cenas e impacto social positivo. Os trabalhos artísticos renovam o repertório musical do País e são reconhecidos em listas e premiações nacionais e internacionais. Em 2020, o edital do Natura Musical selecionou 43 projetos em todo o Brasil e promoveu mais de 300 produtos e experiências musicais, entre lançamentos de álbuns, clipes, festivais digitais, oficinas e conferências. Em São Paulo, a Casa Natura Musical se tornou uma vitrine permanente da música brasileira, com uma programação contínua de lives, performances, bate-papos e conteúdos exclusivos, agora digitalmente.
Foto: Aog Rocha
Saiba mais em: www.pororocasound.com.br