‘O psicólogo desempenha um papel fundamental ao oferecer um espaço seguro para os pacientes’, diz especialista
A prevenção ao suicídio é um desafio complexo que envolve a identificação precoce dos sinais de alerta e a oferta de apoio adequado. Nesse contexto estão os psicólogos, profissionais que desempenham um papel fundamental ao oferecer um espaço seguro para que os pacientes possam expressar sentimentos e pensamentos que, muitas vezes, não são compartilhados com mais ninguém.
A psicóloga Miriam Carvalho diz que o acompanhamento profissional é fundamental para a prevenção ao suicídio, pois permite que sejam identificados sinais sutis, mas importantes, que indicam que o paciente pode estar em risco. Esses sinais incluem mudanças drásticas de humor, perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas, comportamento retraído e até mesmo comentários diretos ou indiretos sobre a falta de vontade de viver. “Muitas vezes, o paciente pode não verbalizar claramente suas intenções, mas seu comportamento pode indicar que algo está muito errado. A sensibilidade do psicólogo para perceber essas nuances é fundamental,” explica.
Além da identificação dos sinais, o atendimento psicológico oferece estratégias e ferramentas que ajudam o paciente a lidar com pensamentos suicidas. Intervenções terapêuticas, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), têm se mostrado eficazes na redução dos sintomas de depressão e ansiedade, condições que muitas vezes estão associadas ao suicídio. “Na terapia, trabalhamos para reestruturar pensamentos negativos e criar mecanismos de enfrentamento que permitam ao paciente ver alternativas para os problemas que parecem insuperáveis,” afirma.
Para Miriam, que também é professora na Estácio, a prevenção ao suicídio não é responsabilidade apenas do profissional de saúde mental. Amigos, familiares e colegas de trabalho também são elementos essenciais no apoio a alguém em risco. “É importante que as pessoas estejam atentas a mudanças de comportamento e tenham coragem de abordar o tema, mesmo que seja desconfortável. Perguntar diretamente sobre pensamentos suicidas não aumenta o risco, mas pode abrir uma porta para que a pessoa fale sobre o que está sentindo, mas esse diálogo necessita ser realizado com calma, respeito e empatia”, orienta.
A psicóloga diz que oferecer apoio emocional, demonstrar preocupação e, sobretudo, encorajar a busca por ajuda profissional são atitudes que podem salvar vidas. No entanto, é fundamental que as pessoas compreendam os limites e saibam quando é necessário encaminhar para um psicólogo ou psiquiatra. “O apoio de amigos e familiares é importante, mas a intervenção de um profissional é fundamental para o tratamento adequado,” completa a psicóloga.
A Campanha Setembro Amarelo
A campanha do Setembro Amarelo, dedicada à prevenção ao suicídio, reforça a necessidade de desmistificar o tema e promover o acesso ao atendimento psicológico. Ao tornar a busca por ajuda mais acessível e ao eliminar o estigma em torno da saúde mental, a sociedade pode dar passos importantes na luta contra o suicídio.
Onde buscar atendimento
A Estácio Macapá possui uma Clínica Escola que oferece atendimento psicológico gratuito à comunidade. As consultas são conduzidas pelos alunos, sob orientação dos professores e o agendamento acontece por meio do telefone.
O espaço está localizado na rua Leopoldo Machado esquina com a rua José Tupinambá no bairro Jesus de Nazaré, e funciona de segunda a sexta-feira, das 08h às 12h e das 14h às 18h.