Ativistas climáticos protestam em frentea conferência de óleo e gás no Amazonas
Organizações manifestaram-se contra a exploração de combustíveis fósseis na capital Amazônica pouco antes de mesa em conferência falar sobre “Grandes Projeto de Petróleo, Gás e Mineração na Amazônia”
Manaus, 20 de março de 2025 – Em frente ao Centro de Convenções do Amazonas Vascos Vasques, organizações que atendem o encontro Converge Amazônia (entre elas 350.org, Associação de Silves Pela Preservação Ambiental (ASPAC), Converge Amazônia, Grupo de Trabalho Amazônico (GTA) e Associação dos Movimentos Ambientais do Amazonas (AMA)) que acontece ao mesmo tempo que o evento Amazonas, Oléo, Gas & Energia 2025, levantaram faixas, cartazes e megafones contra a exploração de combustíveis fósseis.
O protesto se dá dias antes do Dia Mundial da Água estabelecido pelas Nações Unidas, dia 22 de março, e após a recente emergência ambiental declarada pelo Equador por vazamento de petróleo em oleoduto, contaminando pelo menos cinco rios e impactando milhões de pessoas. O ato também acontece no contexto em que o governo federal se pronuncia a favor de novos empreendimentos fósseis na Foz do Amazonas.
Ativistas temem os riscos ambientais e de violação de direitos humanos e indígenas frente a empreendimentos fósseis na região. Estes também apontam para a contradição entre o Brasil ser líder em projetos de combustíveis fósseis e ao mesmo tempo um país que almeja ser líder da maior conferência climática do ano, a COP30, que também acontecerá em uma das maiores cidades amazônicas, Belém:
Luiz Afonso Rosário, organizador de campanhas da 350.org:
“A apenas oito meses antes do mais importante evento mundial para discutir a crise climática, a COP30, em Belém, nos deparamos nesta semana com o principal evento da indústria fóssil na Amazônia, a Conferência sobre Petróleo, Gás e Energia, em Manaus. Há um descompasso entre a realidade climática e seus efeitos sobre o meio ambiente, as pessoas e os recursos hídricos e as narrativas falaciosas de desenvolvimento através da exploração fóssil.
É inconcebível os lobbies e atores da indústria do petróleo e gás estarem promovendo a expansão da exploração fóssil ao invés de discutirem a transição energética e a substituição do uso do petróleo, diesel e gás na produção de energia elétrica. Sabemos que a indústria fóssil só sobrevive por conta de incentivos fiscais. Para começar, como política pública, se os governos destinarem 35% dos recursos públicos consumidos e dragados pela indústria fóssil, a sociedade, as comunidades e os povos indígenas poderiam começar a sonhar com uma transição energética justa.”
Márcia Ruth, Resistência Amazônica:
“A exploração de petróleo e gás na bacia Amazônica tem um enorme potencial de contaminação das nossas águas superficiais e subterrâneas. É uma incoerência dos governos, junto com o Sebrae, apoiar e exaltar a atividade que mais contribui para a poluição do planeta e para o aquecimento global, a exploração de combustíveis fósseis.”
Matheus Amaral, coordenador do Converge Amazônia:
“A exploração de petróleo e gás revela uma realidade brutal onde o Deus dos homens é o dinheiro. Em meio a esse culto à ganância, os poderosos acumulam seus bilhões, a ponto de, se faltar o ar, não conseguirem respirar enquanto contam suas fortunas. Essa obsessão pelo lucro destroi ecossistemas, extingue espécies e oprime povos originários que vivem em profunda conexão com a natureza. Ao mesmo tempo, o avanço desenfreado das mudanças climáticas, alimentado por essa lógica predatória, provoca secas, enchentes, incêndios e tempestades cada vez mais violentas. Isto vulnerabiliza ainda mais os marginalizados e oprimidos pela pobreza e deixa claro que a adoração ao capital tem um custo irreparável para toda a humanidade, mas, sobretudo, para os que mais precisam de justiça.”