Método de despistagem do câncer de ovário pode reduzir mortalidade

No final do acompanhamento, com uma duração média de dez anos, 1.282 mulheres tinham desenvolvido câncer de ovário, das quais 649 morreram

Por: AFP – Agence France-Presse

Imagem de aparelho de ultrassom mostra ovário com tumor. Foto: Cancer Genome Atlas/NIH

Paris (AFP) – A despistagem sistemática (realização de testes preliminares) do câncer de ovário poderia reduzir a mortalidade a longo prazo deste tipo de câncer raro, mas grave, frequentemente diagnosticado em estágio avançado, de acordo com um amplo estudo publicado nesta quinta-feira na revista médica britânica The Lancet.

“Os resultados do estudo mostram uma redução da mortalidade atribuível à despistagem variando de 15 a 28%”, indica o professor Ian Jacobs, da University College London, que liderou o estudo realizado com mais de 200.000 mulheres britânicas com idade entre 50 e 74 anos.

Recrutadas entre 2001 e 2005, elas foram acompanhadas até 2014 em 13 centros espalhados por todo o Reino Unido.

Metade delas beneficiaram de uma despistagem: pouco mais de 50.000 foram monitoradas através de ultrassonografia pélvica transvaginal anual, enquanto outras 50.000 foram submetidas a uma dosagem anual de um “marcador” específico do câncer de ovário chamado CA-125, além da ultrassonografia.

As outras 100.000 mulheres não beneficiaram de nenhum tipo de despistagem.

No final do acompanhamento, com uma duração média de dez anos, 1.282 mulheres tinham desenvolvido câncer de ovário, das quais 649 morreram.

Comparando as mortes, os pesquisadores detectaram uma mortalidade um pouco mais baixa (variando de 11 a 15%) em mulheres que haviam passado pela despistagem.

Mas eles descobriram principalmente que uma detecção precoce do câncer graças a despistagem permitiu reduzir a mortalidade “significativamente” a longo prazo em 28% ao longo de sete anos de acompanhamento, contra apenas 8% antes de sete anos.

“Esta é a primeira evidência (…) de que a despistagem pode reduzir as mortes por câncer de ovário”, observa o Dr. Ushah Menon, co-autor do estudo.

Ele enfatizou que “a descoberta precoce do câncer é importante, dado o limitado progresso” feito no tratamento desse tipo de câncer nos últimos 30 anos.

Difícil de diagnosticar porque geralmente provoca sintomas em um estágio avançado da doença e que podem ser associados a outras patologias (fadiga, inchaço, dor abdominal ou dor pélvica), o câncer de ovário é o mais mortal dos cânceres ginecológicos.

Ele é responsável por cerca de 150.000 mortes por ano em todo o mundo, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Na França, afeta cerca de 4.400 mulheres por ano, das quais mais de 3.000 morrem. Cerca de 60% das mulheres morrem dentro de cinco anos após o diagnóstico.

Nenhuma despistagem organizada está em andamento atualmente, enquanto os estudos realizados no passado, nomeadamente no Japão e nos Estados Unidos, demonstraram que a despistagem  de rotina era inútil.

Os autores do estudo britânico insistem na necessidade de um acompanhamento a longo prazo e no desenvolvimento de testes mais sensíveis antes de decidir sobre o valor da despistagem na população em geral.

Em comentários anexados ao estudo, o Dr. René Verheijen, da Holanda, elogiou os “resultados encorajadores” do estudo britânico, mas questionou o fato de que apenas 59% dos cânceres foram detectados pelo método de despistagem.

Via Diário de Perenambuco

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