Setap implanta sistema de reconhecimento facial para evitar fraudes no transporte coletivo

As empresas de ônibus identificaram que aproximadamente  25% dos passageiros do transporte público não pagam passagem. Destes, 25% são utilizações indevidas, como o uso do cartão de meia-passagem por terceiros.

 

Novas politicas públicas de gratuidade e o envelhecimento podem aumentar ainda mais o volume de cartões com benefícios no transporte público. “Quanto maior a fatia de passageiros com gratuidade, menor a fatia de pagantes, e mais impacto na tarifa”, explica Artur Sotão, gestor de bilhetagem das empresas de ônibus.

 

Pensando nisso, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros iniciou a implantação do Sigom Vision, um software de reconhecimento facial semelhante ao usado em algumas mídias sociais, como o Facebook, onde a biometria é feita pelos traços do rosto do passageiro.

 

Consultores da empresa contratada para implantar o sistema já estão nas garagens, testando validadores e treinando rodoviários. A fase atual é de instalação das câmeras. Alguns veículos já estão circulando com os equipamentos, ainda em fase de testes. Ao todo 243 ônibus, das linhas urbanas e metropolitanas receberão as câmeras de biometria facial.

 

Na prática, isso vai inibir as fraudes e garantir que os benefícios como meia-passagem e passe social sejam utilizados somente pelos legítimos beneficiários.

 

Entenda como funciona o Sigom Vision

Não faz muito tempo, ao assistir a filmes nos quais técnicas de reconhecimento facial eram usadas para identificar espiões, terroristas e até mesmo os mocinhos da história, muita gente ficava a imaginar que aquilo não passava de ficção. Ou, então, que seria, sim, uma tecnologia viável, mas que ainda demoraria muito tempo para se tornar acessível. Mas a ciência e a inovação não param e, hoje, empresas, polícias civil e federal, instituições financeiras, entre vários outros setores, já contam com sistemas altamente confiáveis, com precisão que chega a 100%, no intuito de evitar vários tipos de fraudes e violações aos seus sistemas de segurança. A identificação por meio de características pessoais (e únicas) de alguém é feita com recursos do que se conhece por biometria, que nesse caso específico seria chamado de biometria facial.

Trabalhos que usam esse tipo de tecnologia são especialidade de uma empresa mineira, que recebeu recentemente na Suíça prêmio de inovação tecnológica por desenvolver um sistema de reconhecimento facial para ser usado no transporte público. A tecnologia inibe a ação fraudulenta de passageiros que utilizam indevidamente cartões de benefícios (para idosos e estudantes, por exemplo). O projeto, da Empresa 1, foi implantado inicialmente em Ilhéus (BA), e apenas nos primeiros 10 meses de utilização bloqueou 10 mil cartões, ou 17% do total expedido, que estavam sendo usados de forma fraudulenta. “A tecnologia moraliza o serviço de transporte público e pode ajudar na redução do preço da passagem à medida que impede que pessoas honestas paguem pelo abuso dos desonestos”, afirma Artur Sotão, gestor de bilhetagem do Setap.

Para o funcionamento do sistema, o Setap utilizará o banco de dados existentes. Aqueles que não possuem fotos serão paulatinamente registrados. As fotos ficam armazenadas com todas as informações do passageiro em um banco de dados. Dentro dos ônibus, uma câmera, que faz fotos ininterruptamente, e um validador fazem o trabalho de reconhecimento e checagem das informações. Como o ambiente interno dos ônibus é bem diferente do lugar onde a foto de cadastro foi feita, as câmeras contam – para momentos em que há falta de luminosidade – com LEDs infravermelhos (que não disparam flashs para não incomodar o passageiro), e com filtros especiais para quando há luz em excesso. São feitas em média, para comparação, oito fotos de cada passageiro.

“Assim, quando o usuário apresenta seu cartão de benefício ao validador, uma placa processadora grava em definitivo as imagens dele capturadas nos últimos segundos. Assim que o ônibus é recolhido à garagem, as imagens gravadas na placa processadora são coletadas via rede wireless. Essas imagens são, então, processadas pelo sistema e, no caso de não apresentarem similaridade em relação à foto cadastrada, serão separadas como “não conformes”. Posteriormente, são submetidas a uma inspeção visual. Caso fique comprovado que realmente houve uso indevido, o cartão é bloqueado e todas as informações (fotos, dados relativos a dia, horários, número do ônibus etc.) ficam em um relatório, que pode ser solicitado pelo usuário, caso queira verificar o processo.

Artur Sotão considera que o sistema, chamado de Sigom (nome da linha de software da empresa) Vision (tecnologia biométrica de reconhecimento facial) é um caminho sem volta na moralização do serviço de transporte público, uma vez que pesquisas apontam que cerca de 25% dos usos de cartões de benefício são feitos de forma indevida. E que tais benefícios são responsáveis em média por 17% do custo de uma tarifa de ônibus. “Além de ajudar na diminuição do preço, a tecnologia poderá ser aplicada para a adoção de bilhetes únicos, para o caso de uso de outros trechos”, acrescenta.

Um ser Único
Biometria – do grego bio (vida) + metria (medida) – é o estudo estatístico das características físicas ou comportamentais do homem. Atualmente, o termo está bem associado à medida de características físicas ou comportamentais das pessoas como forma de identificá-las unicamente. A tecnologia é usada hoje na identificação criminal e para controle de acessos, entre outras necessidades. Os sistemas biométricos podem basear seu funcionamento em características de diversas partes do corpo humano: a palma da mão, as impressões digitais, a retina ou a íris (nos olhos) a face como um todo. O estudo biométrico se fundamenta na premissa de que cada indivíduo é único e conta com características físicas distintas, traços que são próprios de cada ser humano.

 

Setap/ Ascom

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