10 dúvidas sobre virose em crianças
Veja respostas sobre as questões que mais preocupam os pais
BRUNA MENEGUEÇO
O dia chega ao fim e seu filho começa a ficar dengoso e sem vontade de brincar. Durante a noite, está com febre, dores no corpo e coriza. E na hora do diagnóstico, você ouve sempre a mesma palavra: virose. Para o desespero dos pais, isso se confirma. Há milhões de vírus espalhados no ar, que causam desequilíbrios parecidos no organismo. Leia a seguir as respostas para as dúvidas mais comuns
- Por que o primeiro diagnóstico dos médicos é sempre virose?
É mesmo difícil aceitar que todo mal-estar, febre, vômito, diarreia, coriza e dores no corpo seja virose. Mas os médicos têm razão. Há milhões de vírus espalhados pelo ar que causam infecções. Os mais conhecidos são a gripe e o rotavírus, mas não é possível conhecer e denominar todos os que existem. Ao examinar a criança, o médico é capaz de perceber o estado geral e identificar se há sinais de doenças mais complicadas. Quando essa possibilidade é descartada, ele constata que se trata de uma virose, já que a probabilidade de se contaminar pelo ar é grande. - Por que a maioria dos médicos não pede exames para ter certeza de que se trata de uma virose?
Os exames laboratoriais são dispensados, em geral, porque o organismo da criança costuma se livrar do vírus em poucos dias, antes até de os resultados ficarem prontos. - Existem vacinas contra viroses?
Sim. Para os vírus mais comuns, como os que transmitem gripe, catapora, sarampo, hepatite A e B e rotavírus, há vacinas que podem ser tomadas a partir do 2o mês de vida. Entretanto, para a maioria, ainda não existe vacina. Por isso, o único jeito é amenizar os sintomas e esperar que o organismo se recupere sozinho. - Como devo agir assim que se apresentarem os primeiros sintomas?
Antes de mais nada, converse com o pediatra da criança. Os primeiros cuidados variam conforme a idade. Se a criança já completou 1 ano, o ideal é observá-la por 48 horas antes de levá-la ao consultório. Antes disso, é difícil até para o médico fazer o diagnóstico, já que os sintomas da doença não aparecem imediatamente. O tratamento pode incluir desde a adoção de um antitérmico até lavar o nariz com soro fisiológico e fazer inalação. Ofereça bastante líquido para afastar o risco de desidratação. Evite levar a criança correndo ao pronto-socorro, sem antes ter consultado o pediatra. O ar dos hospitais está cheio de vírus e, com o sistema imunológico mais frágil, seu filho pode piorar. Faça isso somente se ele não apresentar melhora com os seus cuidados e medicação. Nos menores de 1 ano, a atitude deve ser outra: não dá para esperar. Como eles não expressam a dor e o mal-estar com clareza, é melhor consultar o pediatra e, se não conseguir, levar a criança a um pronto-socorro pediátrico. - Como saber se o que o meu filho tem não é uma doença mais séria?
Pelo estado geral da criança. Quando ela está caída, desanimada, mesmo que com febre baixa, a situação pode indicar algo mais complicado do que se ela estiver com febre mais alta e brincando normalmente. Além disso, os pediatras seguem uma lista de procedimentos médicos ao examinar a criança que podem apontar sintomas de outras doenças mais graves, como meningite e sarampo. - Quanto tempo ela dura, em média?
Entre quatro e sete dias. No segundo dia, a febre costuma baixar. Se a criança for saudável e tiver alimentação adequada, o organismo se livra sozinho da doença. - Como fortalecer o sistema imunológico da criança para prevenir as viroses, principalmente nessa época do ano?
O mais importante é manter uma vida saudável. Para os bebês, o leite materno é, claro, a melhor prevenção, pois tem anticorpos e fortalece o sistema imunológico. Evite aglomerações e mantenha a casa aberta para trocar o ar. Prefira levar a criança para brincar em parques ao ar livre. Nesse ambiente o ar circula. Já em playgrounds fechados, como aqueles localizados em shoppings, ela respira o mesmo ar. Lembre seu filho de lavar as mãos com frequência e ofereça uma alimentação balanceada, com frutas, verduras e legumes. Eles contêm nutrientes fundamentais para a formação do sistema imunológico. Uma boa noite de sono também é uma ótima defesa para o corpo. - Quantas viroses, em média, uma criança saudável tem por ano?
Dos 6 meses aos 2 anos de vida, é comum ter até seis viroses por ano. Bebês não sofrem tanto. O recém-nascido é protegido pelos anticorpos que recebe da mãe por meio da placenta e, depois, pelo leite materno. As crianças que ficam em creches podem adquiri-las com mais frequência. - As viroses são sazonais?
Sim. As respiratórias são mais comuns nos meses mais frios. Nessa época, as pessoas costumam ficar em ambientes fechados, o que dificulta a troca de ar. As gastrintestinais acontecem durante o ano todo e a principal forma de transmissão é através do contato com as fezes, que pode acontecer durante uma troca de fraldas, caso a mãe não higienize as mãos corretamente e toque, por exemplo, em um objeto que vá parar nas mãos de outras crianças. Também há casos de transmissão pelo ar: a diferença é que esse tipo de virose afeta o intestino. - Quais são os riscos se a virose não for tratada corretamente?
Com o sistema imunológico debilitado, a criança pode ser atacada por doenças, como otite, sinusite e até pneumonia.
Fontes: Marco Aurélio Sáfadi, pediatra e infectologista do Hospital e Maternidade São Luiz (SP); Célia Di Giovanni, neonatologista da Maternidade Santa Joana (SP); Clery Bernadi Gallacci, pediatra da Maternidade Santa Joana e professora da Santa Casa de São Paulo