Quem é Katie Bouman, engenheira por trás da foto do buraco negro

Wagner Wakka

Na quarta-feira (10), foi publicada a primeira foto real de um buraco negro pelo projeto EHT (Event Horizon Telescope), pela Fundação Nacional de Ciências (NSF) e pelo European Southern Observatory (ESO). Como um dos mais importantes feitos da astronomia nos últimos tempos, vale ressaltar o trabalho de uma mulher: Katie Bouman, uma Ph.D do MIT.

Bouman é responsável por criar o algoritmo capaz de contabilizar todo o volume de dados obtidos pelos telescópios e formar a imagem que foi apresentada. O algoritmo é chamado de CHIRP e foi capaz de combinar todas as imagens obtidas pelos oito telescópios ao redor do mundo (que, unidos, formam um telescópio virtual do tamanho da Terra) para a confecção do produto final. Ao todo, foram coletados 8 petabytes de dados, os quais foram organizados usando o sistema criado pela engenheira que, na época em que começou a trabalhar com o projeto, era apenas uma estudante de graduação do MIT.

Atualmente, Bouman é pós-doutoranda no Event Horizon Telescope, mas entrou no projeto há três anos, quando o MIT havia anunciado a iniciativa. Ela é PhD em Engenharia Elétrica e Ciência da Computação no Instituto, se formando no mesmo curso em 2013. Atualmente ela é professora assistente no Caltech dentro do departamento de ciência da computação do MIT.

O desafio dela era que cada telescópio possui capacidades específicas e consegue absorver imagens em diferentes taxas. Assim, a questão seria o algoritmo ser capaz de identificar as informações de cada telescópio e de uma mesma forma.

Segundo o MIT, o sistema funciona da seguinte forma: quando três telescópios fazem a medição de um mesmo local, pode haver ruídos por conta de interferências atmosféricas, e o que o sistema faz é retirar as imagens que estão muito diferentes. Logo, quanto mais imagens há de uma mesma região, mais preciso o algoritmo é sobre a perda de informações. Com isso, o sistema também foi capaz de reconstruir e refinar as imagens para criar a foto do buraco negro.

Pela colaboração com o projeto, o próprio MIT reconheceu o trabalho de Bouman. Em post no Twitter, a cientista foi colocada ao lado de Margaret Hamilton, “quem escreveu os códigos que ajudaram a levar o homem à Lua” na missão Apollo 11.

Bouman também já explicou qual era a sua colaboração com o projeto em uma apresentação de TEDx em 2016, quando criou o algoritmo.

Canaltech

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