IBGE: covid-19 afetou negativamente 37,5% das empresas em julho

Companhias do setor de Serviços são as que mais sentiram impactos

A crise do novo coronavírus provocou impacto negativo nas atividades de 37,5% das três milhões de empresas não financeiras em funcionamento no país na segunda quinzena de julho, na comparação com a primeira quinzena. Ao mesmo tempo, para 36,3% o impacto foi pequeno ou inexistente. Já as que tiveram efeito positivo foram 26,1%.

Com os resultados, na maioria das atividades a percepção, quanto a impactos pequenos ou inexistentes, somada com a de efeitos positivos, é maior que a registrada em efeitos negativos.

Foi o que apontou a quarta rodada da Pesquisa Pulso Empresa: impacto da Covid19 nas empresas, divulgada hoje (2), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Rio de Janeiro.

As empresas do setor de Serviços foram as que mais sentiram impactos negativos (42,9%), em particular o segmento de Serviços Profissionais, Administrativos e Complementares (53,8%). No item Comércio, 36,5% das empresas indicaram efeitos pequenos ou inexistentes, e na Construção, 55,4%. Na indústria, 35,8% tiveram impacto pequeno ou inexistente, enquanto em 33,6% houve efeito positivo e para 30,6%, negativo.

Apesar da continuidade dos efeitos negativos, os percentuais foram caindo ao longo do tempo. Segundo o coordenador de Pesquisas Conjunturais em Empresas do IBGE, Flávio Magheli, na segunda quinzena de junho a incidência de efeitos negativos era percebida por 62,4% das empresas.

Já na primeira quinzena de julho os reflexos atingiram 44,8%, caindo para 37,5% nos 15 dias seguintes. Para ele, isso já era esperado, porque na medida em que aumenta o processo de flexibilização, as companhias passam a ter mais receitas.

Segundo a pesquisa, a percepção de impacto negativo é maior entre as empresas de grande porte, acima de 500 funcionários (37,8%), percentual próximo ao universo de pequeno porte, com até 49 funcionários (37,6%). No entanto, na análise das que mais perceberam impactos pequenos ou inexistentes, boa parte é também de empresas de grande porte (41,25%).

Atividades
Para Magheli, o setor de Serviços continua sendo o mais impactado negativamente. Os efeitos da pandemia foram sentidos em 42,9% de 1,3 milhão de empresas de serviços, em particular, os profissionais, administrativos e complementares (53,8%). Os prestados às famílias alcançaram 48%.

Os destaques foram para o comércio de veículos, peças e motocicletas (38,3%), e o varejista (37,8%). Ainda nos Serviços, os índices dos impactos pequenos ou inexistentes ficaram em 33,6% e de 23,5% nos efeitos positivos.

Negativo e positivo
No setor industrial, entre as 334 mil empresas (30,6%) relataram impacto negativo, mas para 35,8%, o efeito foi pequeno ou inexistente, enquanto 33,6% disseram que o impacto nessa quinzena foi positivo. O coordenador do estudo observou uma melhora de percepção e maior incidência de efeitos positivos e pequenos ou inexistentes nos segmentos de Serviços prestados às famílias, outros serviços e atividades do comércio.

A Construção registrou avanço de 26,7% na primeira quinzena de junho, indo para 55,4% nos últimos 15 dias de julho, quanto aos efeitos pequenos ou inexistentes. No comércio, os impactos são pequenos ou inexistentes para 36,5% das empresas e positivos para 27,4%.

Situação por regiões
Entre as grandes regiões brasileiras, a Norte teve o maior percentual (41,1%) de empresas que perceberam impactos positivos, enquanto a Sul (36,7% ) e a Sudeste (33,3%) permaneceram com a evolução de menor incidência de efeitos negativos.

As taxas nas quinzenas anteriores tinham sido acima de 40%. A região Nordeste, no entanto, foi onde as empresas se sentiram mais atingidas pela crise do novo coronavírus (49,6%), seguida da Centro-Oeste (44,75).

Vendas
A impressão de redução nas vendas foi notada em 34,4% das empresas em atividade, o que significa uma melhora em relação à quinzena anterior (46,8%). As companhias de pequeno porte foram as que mais sentiram (34,4%), seguidas das intermediárias (33%) e das de grande porte (26,4%).

O impacto foi pequeno ou inexistente para 37,1% das empresas e de 46,6% das companhias menos atingidas que foram as de grande porte. Para 28,4% das empresas, houve aumento de vendas na segunda quinzena de julho.

Entre os setores, a percepção de redução nas vendas do comércio ficou em 29,5%, de 38,6% nas empresas de serviços, 30,7% na indústria e 43,6% na construção. A pesquisa apontou ainda que a maior incidência de efeitos pequenos ou inexistentes foi nos segmentos de indústria (35,6%), comércio (37,1%) e serviços (38,4%).

Fabricação
As empresas, em sua maioria (55%), revelaram que não houve impacto da covid-19 sobre a fabricação de produtos ou sobre a capacidade de atendimento aos clientes. Nas empresas de grande porte o percentual atinge 61,8% e 57,4% entre as de porte intermediário. Apesar disso, 33,1% das companhias ainda relataram dificuldades, e 11,6% acusaram facilidades.

Pagamentos
A pesquisa indicou também que a percepção de dificuldades na capacidade de realizar pagamentos de rotina recuou. Passou de 47,3% na primeira quinzena de julho para 38,9%, nos 15 dias seguintes. Ainda assim, são 49,7% as empresas que apontaram não ter notado alteração significativa, algo mais alto ainda (69,9%) entre as empresas de grande porte e entre as de porte intermediário (60,9%).

Os destaques entre as atividades são as empresas da construção (67,5%) e da indústria (55,5%), que também não perceberam alteração significativa. Para o coordenador do levantamento, a sinalização de melhora das receitas permite a realização dos pagamentos de rotina.

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Empregos
Em cada dez empresas, mais de oito não notaram mudança no quadro de funcionários ao final da segunda quinzena de julho em relação aos 15 dias anteriores, o que representa quase 2,5 milhões de empresas ou 84,6% delas. Entre as companhias, 7,9% ou 242 mil reduziram o número de funcionários.

Cerca de 93% das empresas continuam realizando campanhas de informação e prevenção e de adoção de medidas extras de higiene como sendo a principal iniciativa entre as ações para enfrentar a pandemia.

O trabalho remoto dos trabalhadores foi adotado por 34,9% das companhias; a antecipação de férias dos funcionários foi a escolha de 20,3% das empresas; o adiamento de pagamento de impostos atingiu 30,5% delas; o método de entrega de produtos ou serviços, incluindo a mudança para serviços online, foi alterado por 29,1%; e linha de crédito emergencial significou a saída para 11,4% das empresas.

Pesquisa
Nessa quarta rodada da pesquisa foram entrevistadas 2.138 empresas, sendo 45,1% das respostas obtidas em empresas pequenas, 37% nas intermediárias e 18% nas grandes.

A pesquisa faz parte das Estatísticas Experimentais do IBGE e, segundo Flávio Magheli, ela é um trabalho adicional que visa ajudar no entendimento dos impactos dos efeitos da pandemia.

A operação é de natureza experimental, o que significa que o trabalho ainda está em fase de testes e sob avaliação. “Portanto, os seus resultados devem ser utilizados com cautela”, finalizou.

EBC

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