Estudo aponta importância do bem-estar mental nas viagens pós-pandemia

Pesquisa da Collinson traz dados exclusivos do Brasil e mostra quais propostas de bem-estar mental serão essenciais para ajudar os passageiros a voltarem a voar

Ueliton Melo

São Paulo, 31 de maio de 2021 – Nova pesquisa revela que os passageiros tendem a considerar o bem-estar mental tão importante quanto o físico em um cenário de viagens pós-pandemia. O estudo “Jornada de Retorno” foi realizado pela Collinson, especialista global em fidelização de clientes e experiências dos viajantes, e traz dados inéditos de dois levantamentos feitos pela empresa em 13 países, incluindo um recorte dedicado ao Brasil.

A conscientização da sociedade e a importância da saúde mental aumentaram drasticamente nos últimos anos, e não é diferente quando se trata de viagens. No âmbito global, a pesquisa mostra que, a partir de agora, 73% dos passageiros vão priorizar mais seu bem-estar mental quando viajarem do que antes da Covid-19. No Brasil, esse percentual chegou a 90%.

O estudo demonstrou que os entrevistados do Brasil foram os mais preocupados com a saúde, os tornando mais propensos do que os dos outros países a pagar por serviços adicionais para melhorar seu bem-estar no aeroporto – quase metade (44%) disseram que pagariam por espaço extra para as pernas no avião, enquanto 41% pagariam por embarque prioritário. Os serviços pelos quais os brasileiros teriam mais probabilidade de pagar, em função da Covid-19, seriam os testes no embarque e desembarque no aeroporto. Quarenta e sete por cento relataram que pagariam pelo teste no desembarque, enquanto 53% disseram que o fariam no embarque. Mais pessoas no Brasil pagariam por testes no aeroporto do que em qualquer outro país, indicando uma demanda reprimida por viagens internacionais dos consumidores brasileiros.

Para Henrique Donnabella, Diretor Geral da Collinson Brasil, os dados demonstram que os brasileiros foram os mais preocupados em ter os protocolos de saúde e distanciamento social corretos antes de se sentirem confortáveis em viajar novamente. “Esses percentuais, provavelmente, decorrem de dois importantes fatores que estão diretamente relacionados a pandemia: 1) o medo da contaminação, tendo em vista que o Brasil foi severamente impactado pelo Covid 2) o medo da não aceitação, tendo em vista que o brasileiro está sofrendo restrições importantes para entrada em outros países. Os resultados mostram o que os passageiros procuram para ter confiança neste momento, além de fornecer uma visão dos problemas que já enfrentavam em suas viagens, antes da pandemia. Ambos os conjuntos de descobertas são necessários para se obter o panorama mais completo para ajudar o setor a se recuperar”, enfatiza.

Embora já houvesse uma preocupação entre os viajantes sobre o impacto que as viagens estavam tendo sobre seu bem-estar físico, 81% disseram que a pandemia aumentou essas preocupações. Apesar de haver uma demanda reprimida por viagens em todo o mundo, mais de dois terços (67%) dos viajantes globais acham que as viagens pós-pandemia serão mais estressantes no clima atual. Quando questionados sobre o que as empresas do setor de viagens poderiam fazer para ajudar nessa situação, 42% dos passageiros disseram que valorizam propostas que demonstrem consideração por sua saúde mental em suas viagens. Metade também afirmou desejar a mesma consideração por sua saúde física.

“A importância da saúde mental ao viajar talvez seja surpreendente, mas também é uma informação bem-vinda sobre o que os viajantes procuram conforme a recuperação do setor continua a ganhar terreno com novos testes e programas de vacinação”, explica David Evans, CEO da Collinson. “Esta é uma maneira de o setor de viagens olhar para sua oferta aos consumidores, permitindo que as empresas entendam o que os consumidores desejam e onde o setor precisa agir para reconstruir a confiança do viajante.”

Medidas a serem consideradas

A pesquisa também mostra que 88% dos passageiros em todo o mundo afirmaram que medidas visíveis de saúde e higiene no aeroporto são importantes para que se sintam seguros ao viajar em meio à pandemia, como álcool em gel para as mãos em todo o aeroporto (63%) e a exigência do uso de máscara (66%). Essas iniciativas são mais importantes para os viajantes brasileiros do que para os de qualquer outro país, representando 95% do total. O Brasil também liderou o percentual do levantamento em relação aos que mais tinham probabilidade de querer garantias ligadas a medidas de distanciamento social, totalizando 95%.

Quando questionadas sobre por que poderiam hesitar em viajar devido à Covid-19, o principal motivo alegado foi o temor de precisar ficar em quarentena na chegada ou no retorno (51%). O desejo de evitar longos períodos de quarentena provavelmente é um dos motivos pelos quais os passageiros consideram a realização de um teste na chegada um ingrediente importante para sua experiência de viagem (83%). Mas, curiosamente, quase o mesmo número de pessoas (82%) disse que o teste antes da partida também era importante, o que indica que o teste de Covid-19 já deixou de ser apenas um pré-requisito governamental para viajar para certos destinos e passou a ser um elemento desejado pelas pessoas, a fim de lhes dar a confiança necessária para voltar a voar.

Em última análise, os passageiros procuram uma experiência tranquila e sem estresse, com medidas de distanciamento social em vigor desde o check-in até a chegada, juntamente com uma jornada rápida e eficiente. Nesse sentido, mais de um terço (36%) afirmou estar disposto a pagar pelo fast track (não pegar fila no raio X), enquanto 38% pagariam mais por um assento livre ao seu lado no avião e 30% pagariam mais por espaço extra para as pernas.

Enquanto 87% das pessoas disseram que o distanciamento social era importante para elas ao se deslocar pelo aeroporto, a mesma proporção (87%) disse especificamente que deseja acesso a espaços socialmente mais tranquilos onde possam “desestressar” e “relaxar longe das multidões”. Na verdade, em alguns países, incluindo Reino Unido, EUA, Rússia e Austrália, mais pessoas disseram que queriam ter acesso a um lugar para relaxar do que ter um lugar para se distanciar. No entanto, a associação entre estresse e viagens não está, de modo algum, ligada exclusivamente à pandemia. Antes mesmo da COVID-19, quase metade (43%) dos viajantes relatou sentir estresse em pelo menos um momento durante a viagem, e um número semelhante (45%) admitiu telefonar ao trabalho no dia seguinte alegando doença para se recuperar de uma viagem.

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