Homem é condenaddo a mais 20 anos de prisão, por feminicídio praticado em Laranjal do Jari

Conselho de Sentença do Tribunal do Júri de Laranjal do Jari acolheu tese do Ministério Público do Amapá (MP-AP), para condenar José Lúcio Silva, 62 anos, conhecido como “ferrugem”, a 21 anos de prisão, em regime fechado, pelo feminicídio de Karina Lobato Silva, 30 anos, sua ex-companheira. O crime ocorreu em 06 de setembro de 2020, no apartamento da vítima, localizada no bairro Agreste daquela cidade, causando enorme comoção social.

MP-AP foi representado pelo titular da Promotoria de Justiça de Laranjal do Jari, promotor de Justiça Benjamin Lax, que levou ao plenário todos os detalhes do bárbaro crime praticado, bem como a sequência de atos praticados pelo condenado, não restando qualquer dúvida sobre autoria e materialidade do crime.

“Importante registrar que, em uma série de nove Júris, desde que os julgamentos foram retomados nesse período de pandemia, o MP-AP não perdeu em nenhum requisito sequer.

Nesse caso específico, consta em Auto de Prisão em Flagrante, que José Lúcio, com manifesta intenção homicida, matou Karina Lobato Silva desferindo-lhe um golpe na mama esquerda, causa efetiva da sua morte, agindo por motivo torpe, com recurso que dificultou a defesa da ofendida e por razões da condição de sexo feminino”, contextualizou o promotor Benjamin Lax.

Foi apurado, ainda, que o condenado – 32 anos mais velho que a vítima-, manteve com esta um relacionamento conjugal que durou aproximadamente dois anos. Após diversos episódios de ameaças e agressões durante a convivência do casal, em 08/08/2020, ou seja, cerca de um mês antes do crime, o José Lúcio ameaçou severamente Karina Lobato de morte e, no dia seguinte, praticou atos de destruição na residência do então
casal.

Em busca de proteção

Em razão disso, no dia 12 de agosto de 2020, a vítima procurou a Delegacia da Mulher. “No depoimento prestado por Karina Lobato é possível perceber a selvageria no comportamento do condenado. A casa alugada, antiga residência do casal, estava completamente revirada; a cama estava urinada; vários objetos comprados pela vítima sumiram, inclusive alguns afetos aos filhos da vítima; armário e geladeira quebrados e riscados, provavelmente à faca; cano do gás que liga ao botijão cortado. Um cenário de horror”, conta nos autos.  

“A Autoridade Policial, cautelosa, encaminhou ao Judiciário requerimento da vítima pelo deferimento de medidas protetivas, consistentes em afastar do lar o agressor, proibi-lo de aproximar-se, manter contato e frequentar a sua casa. No entanto, a medida não foi o suficiente para proteger a vida de Karina”, acrescentou o promotor.

Dos fatos

Poucas horas antes do crime, conforme as filmagens, José Lúcio foi ao Supermercado Zanotto, onde comprou a faca utilizada para a prática do feminicídio. Em seguida, descumprindo as medidas protetivas de urgência, o condenado vai ao Residencial Ipanema, onde a vítima encontrava-se dormindo.

Diante da presença de testemunhas, o condenado dissimulou sua finalidade assassina, dizendo que estava à procura de um telefone celular. Rivaldo Moreira, então namorado da vítima, inocentemente, informou ao denunciado que Karina estava no local.

Passado certo tempo, após verificar que Rivaldo Moreira não estava mais no apartamento, o condenado, sorrateiramente, retornou e invadiu o local rapidamente, não dando tempo para que Janyr Pinheiro (testemunha do fato) pudesse reagir.

Ao entrar no quarto, vendo a vítima deitada na cama, o condenado, após discussão de poucos segundos, desferiu um golpe de faca mortal na vítima que perfurou o seu pulmão, próximo ao coração, sem qualquer chance de defesa e fugiu do local.

Ana Girlene Oliveira

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