Campanha Julho Verde celebra os manguezais da Amazônia

Ações iniciam em 1º de julho e se estendem ao longo mês com eventos e mobilizações nas Reservas Extrativistas Marinhas do estado do Pará e em Belém

O litoral dos estados do Amapá, Pará e Maranhão abriga 75% das florestas de mangue do Brasil, de acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente (2018). A área é a maior e mais preservada faixa contínua de manguezais do mundo: são cerca de 7.500 km² deste ecossistema que representa o berçário da vida marinha, com milhares de espécies de aves, peixes, crustáceos, moluscos e mamíferos. Para celebrar este ambiente onde só no Pará vivem também mais de 18 mil famílias de extrativistas, a Campanha Julho Verde será iniciada na próxima sexta-feira (1º), a partir das 10h, com lançamento de vídeo animação e cartilha na Comunidade Caju-Una, em Soure, com presença das lideranças do maretório paraense.

Realizada pelas 12 Associações de Usuários das Reservas Extrativistas do Pará, com articulação da ONG Rare, a campanha é alusiva ao Dia Mundial de Proteção dos Manguezais, celebrado em 26 de julho, mobilizando também parceiros estratégicos como a Comissão Nacional para o Fortalecimento das Reservas Extrativistas Marinhas e dos Povos Costeiros e Marinhos (CONFREM), Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade (ICMBio), entre outros parceiros estaduais. 

A campanha Julho Verde promove diversas atividades com o objetivo de alertar para a importância dos manguezais e das comunidades guardiãs desse maretório.  Além disso, a iniciativa estimula as comunidades a participarem da gestão das unidades de conservação, as chamadas Reservas Extrativistas Marinhas, áreas que asseguram a proteção das áreas de mangue. A campanha também convida a sociedade a valorizar os manguezais da Amazônia.

De acordo com Bruna Martins, gerente de implementação do Programa Pesca para Sempre, da Rare, o manguezal “sustenta a vida de famílias ao longo da costa amazônica, contribuindo com a segurança alimentar e geração de renda das comunidades extrativistas, que realizam a pesca de peixes, caranguejo, camarão, ostra entre outros recursos, promovendo assim a manutenção do seu modo de vida. Além disso, os mangues também são fonte de inspiração para as manifestações da cultura popular, como o carimbó”, explica.

Programação

Ao longo de julho, diversas atividades serão realizadas como o lançamento do “Manifesto do Maretório”, documento no qual o signatário se compromete  a realizar mudanças de comportamento em prol da conservação do ecossistema do manguezal; a “Marezada verde virtual”, com transmissão de eventos online informativos e discussão sobre a conservação, além de atividades culturais realizadas pelas Associações das Reservas Extrativistas Marinhas ao longo da costa do Pará; e para culminar, no dia 26/07, será feita uma ação em vídeo mapping no Solar da Beira, em Belém, com uma grande projeção artística ao ar livre.

Resex Marinhas

O modelo de área protegida Reserva Extrativista (Resex) busca garantir a manutenção do modo de vida das comunidades residentes aliado ao uso sustentável dos bens naturais comuns. São categorias de unidades de conservação de uso sustentável de acordo com o Sistema Brasileiro de Unidades de Conservação (SNUC). O estado do Pará concentra o maior número de Resex Marinhas decretadas: são 12 Resex situadas na zona costeira que contribuem de maneira efetiva para a conservação dos manguezais amazônicos. 

Atualmente 311 mil hectares de manguezais estão sob proteção das áreas de Resex, que além de garantir a conservação dos manguezais contribuem para o sustento de cerca de 17 mil famílias que dependem desse ecossistema realização de suas atividades extrativistas, segundo o Ministério do Meio Ambiente (2018).

Infográfico: Rare do Brasil

O que é maretório?

Maretório é o termo que designa um território em que as marés são predominantes e a vida gira em torno deste ambiente costeiro e marinho; no Pará, as associações de comunidades que habitam esses ambientes usam esta palavra para fortalecer as suas pautas.  O conceito surgiu do movimento social ligado ao setor pesqueiro artesanal e transmite a relação de pertencimento e modo de vida das comunidades extrativistas que realizam suas atividades sociais e produtivas no ambiente de entremares, ou seja, as baías, estuários, praias, manguezais e demais ambientes costeiros. 

O conceito de maretório é complementar ao conceito de território para ressaltar e reconhecer o conhecimento acumulado por essas comunidades, que as permite se conectar integralmente com a zona costeira. 

SOBRE O PROGRAMA PESCA PARA SEMPRE

No Pará, o programa Pesca para Sempre é uma iniciativa da Associação Rare do Brasil e tem como objetivo promover a gestão efetiva e sustentável da pesca artesanal, atuando para melhoria da qualidade de vida das comunidades a partir do engajamento de comunidades, lideranças públicas e órgãos governamentais. 

REFERÊNCIA DE DADOS 

Ministério do Meio Ambiente, 2018 Atlas dos Manguezais do Brasil  

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