Trabalho de aluna do Mestrado em Estudos de Fronteira fica em primeiro lugar em fórum internacional sobre a Amazônia
A pesquisa de Jade Figueiredo sobre a construção do senso de justiça no Amapá e perspectivas de direitos para apoiadores da polícia no estado foi considerada o melhor trabalho apresentado durante o 4° Fórum Internacional sobre a Amazônia – Regional Amapá.
A egressa do Mestrado Profissional em Estudos de Fronteira da Universidade Federal do Amapá (Unifap), Jade Figueiredo, teve trabalho premiado durante o 4° FIA Fórum Internacional sobre a Amazônia – Regional Amapá, ocorrido de 15 a 18 de agosto, no Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP), em Macapá (AP). Com o título “Revoltante, uma desgraça dessa ainda tem direitos humanos: perspectivas de direitos para apoiadores da polícia do Amapá”, o trabalho ficou em primeiro lugar.
“Pra mim, foi muito importante ter tido a oportunidade de apresentar meu trabalho aqui no Amapá. Quando a gente faz um trabalho acadêmico, a gente espera que ele traga alguma contribuição para a comunidade. Fico feliz dele ter sido considerado um trabalho que traz essa contribuição e ter tido uma boa avaliação (…) Fico feliz de ter conseguido a classificação, mas não era minha meta, fui com a intenção de apresentar e felizmente ele ficou nessa posição melhor classificada”, afirma Jade Figueiredo.
O trabalho é fruto da pesquisa desenvolvida no mestrado, sob supervisão do Prof. Dr. Marcus André de Souza Cardoso da Silva, e aponta como o senso de direitos humanos e de justiça são construídos e abordados por apoiadores da polícia amapaense, a partir da análise de comentários e publicações no perfil do Instagram “Devotos do Bope AP”.
Segundo Jade, o tema da pesquisa surgiu ainda na graduação, em um trabalho apresentado em 2020 sobre a espetacularização midiática do estado em torno da temática da violência e que foi agraciado com o Prêmio Lévy Strauss, uma premiação dada a trabalhos de acadêmicos pela Associação Brasileira de Antropologia.
“Pensando e refletindo sobre alguns dados do Amapá, entre eles os dados que apontam que o Amapá tem a maior taxa de letalidade policial do Brasil há mais de dez anos, um dado do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, começamos [junto com o grupo de pesquisa do Laboratório de Estudos Etnográficos e Antropologia do Direito] a pesquisar alguns grupos, na época da pandemia ainda, então nós optamos por fazer pesquisa em espaços digitais que eu prefiro chamar de ciberespaço, que são esses espaços de convivência tal qual um espaço presencial”, explica a pesquisadora.
Dentre os perfis do Instagram que apoiam a polícia militar no estado, Jade escolheu a “Devotos do Bope AP” por ter os elementos necessários para o desenvolvimento da pesquisa no mestrado, como publicação regular e ativa de posts e interação dos seguidores com comentários frequentes. De acordo com a pesquisadora, foi possível observar que as pessoas que comentam são quase que 100% apoiadoras da polícia.
“No perfil não há pessoas que discordam constantemente daquilo que é narrado: supostas trocas de tiros, algumas relações com pessoas que ‘parecem’ merecer a vida e outras que não merecem. (…) Com a pesquisa, foi possível identificar algumas ideias específicas sobre senso de justiça no Amapá, uma realidade que aponta que existem determinadas categorias êmicas que sugerem que determinados indivíduos parecem merecer direitos humanos e outros não”, aponta Figueiredo.
* Foto da premiação: Joseph Portásio
Foto Jade: Arquivo pessoal