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A história da profissão de professor no Brasil: trajetória e números atuais

Evolução histórica, perfil docente e estatísticas recentes que refletem os desafios do magistério

No Dia do Professor, celebrado em 15 de outubro, o reconhecimento vai além das homenagens. Entender a história, os números e os desafios dessa profissão é também compreender a base sobre a qual se constrói o futuro da educação brasileira.

Ser professor é uma das missões mais antigas e transformadoras da humanidade. Ao longo da história, essa profissão evoluiu de uma prática ligada à transmissão oral do conhecimento para um pilar essencial das sociedades modernas. No Brasil, a trajetória da docência acompanha o próprio desenvolvimento da educação nacional — marcada por conquistas, desafios e luta por valorização.

As origens do magistério no Brasil

A educação formal no país começou ainda no período colonial, sob forte influência da Igreja Católica. Durante séculos, os padres jesuítas foram os principais responsáveis pelo ensino, voltado à catequese e à formação das elites.

A profissão docente começou a se institucionalizar apenas no século XIX. Em 15 de outubro de 1827, o imperador D. Pedro I sancionou a lei que criou escolas de primeiras letras em todas as cidades do Império e definiu normas para contratação e pagamento de professores. A data, mais tarde, inspirou a criação do Dia do Professor, oficializado em 1963.

Da formação ao reconhecimento profissional

A primeira escola normal brasileira — instituição voltada à formação de professores — surgiu em 1835, em Niterói (RJ). A partir daí, a docência começou a ser reconhecida como profissão e não apenas como vocação. Com o passar das décadas, leis educacionais, planos de carreira e universidades públicas consolidaram o magistério como campo de estudo e de trabalho.

Ainda assim, a valorização plena do professor continua sendo um desafio. Baixos salários, carga horária excessiva e falta de condições adequadas de trabalho seguem como obstáculos históricos.

Quantos são e quem são os professores no Brasil

Segundo o Censo Escolar 2023, o Brasil possui 2,35 milhões de professores na educação básica, sendo 79% mulheres. A maioria (mais de 60%) atua no ensino fundamental, especialmente nas redes públicas, que concentram 1,86 milhão de docentes.

Na educação superior, há cerca de 316 mil professores. A formação é cada vez mais qualificada: entre docentes universitários, 35% têm mestrado e 49% doutorado.

Salário e valorização

Para 2025, o piso salarial nacional dos professores da educação básica foi reajustado para R$ 4.867,77 (jornada de 40 horas semanais). Apesar do avanço, o valor segue distante da média salarial de países da OCDE, que ultrapassa os US$ 43 mil anuais, enquanto o rendimento médio no Brasil é de US$ 23 mil por ano.

A desigualdade regional também é marcante: enquanto algumas redes estaduais e municipais pagam acima do piso, outras ainda enfrentam dificuldades para cumpri-lo integralmente.

Desafios e futuro da profissão

Um dos maiores riscos para o futuro da educação é a falta de novos professores. Entre 2009 e 2021, o número de docentes em início de carreira caiu 42%. Estudos da Fundação Carlos Chagas estimam que, até 2040, o país poderá ter déficit de 235 mil professores na educação básica.

Além da escassez, há a sobrecarga: muitos docentes chegam a atender mais de 400 alunos por ano, conforme dados de redes estaduais.

Ser professor é transformar

Mais do que ensinar conteúdos, o professor forma cidadãos, inspira sonhos e constrói pontes para o futuro. A data de 15 de outubro é um lembrete de que investir na valorização e nas condições de trabalho dos educadores é investir no próprio desenvolvimento do país.

Por Redação | Portal Chico Terra
Matéria especial pelo Dia do Professor — 15 de outubro

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