Detentas são capacitadas por artista plástica norte-americana

A Cooperativa Social de Trabalho Arte Feminina Empreendedora (Coostafe) do Centro de Recuperação Feminino (CRF) de Ananindeua recebeu, na última semana, a visita da artista plástica norte-americana Liza Lou. Pela segunda vez no CRF, Liza vem desenvolvendo um projeto pelo Instituto Humanitas360, por meio da assinatura de um Termo de Cooperação Técnica com a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe), que permitiu ao CRF a captação de recursos financeiros para projetos e trabalhos desenvolvidos pela Cooperativa.

O trabalho de pesquisa iniciou em 2017 e a perspectiva do projeto durará cerca de mais de um ano com cursos de capacitação e aprendizados que as reeducandas poderão levar para a vida fora do cárcere.

“Um artista plástico deve interpretar o sentimento e a percepção do ambiente carcerário em uma obra de arte. Uma mulher presa está invisível para a sociedade, como se estivesse esquecida e por esta razão tenho a esperança de reverter a realidade delas com a arte. Fora do presídio, com as técnicas e habilidades que aprenderão, explorarão a matéria-prima e recursos que as beneficiarão. Além da melhora da autoestima por meio das artes plásticas e de suas criatividades de criação”, afirmou Liza Lou.

A artista norte-americana retornou ao Pará com acervo científico e novos experimentos para agregar ao trabalho com as internas da Coostafe e trouxe com ela cientistas especialistas em análises de solo e cerâmica. A fotógrafa Randi Stenberger e o pesquisador de cerâmicas Hideo Mabuchi estiveram pela primeira vez em Belém e também estiveram no Centro de Recuperação para estudos empíricos.

Os pesquisadores estão fazendo estudos de solo e testes, além de registros fotográficos, com o objetivo de transmitir às internas o conhecimento para o uso dos recursos naturais e técnicas diferenciadas que poderão usufruir para criar suas obras.

Para Leilane Barbosa, que há um ano trabalha na cooperativa, a experiência com a artista plástica possibilita pensar em novos rumos para quando alcançar a liberdade. “A gente saia do cárcere com aprendizados e qualificações para usar em nossa vida. Onde estivermos poderemos usar o solo para criação de obras que nos ajudarão como pessoa e como profissional. A sensibilidade da arte nos torna pessoas melhores”, disse.

A diretora do CRF, Carmen Botelho, comenta a extrema importância da oportunidade do projeto no Centro Feminino. “É uma iniciativa que todos os artistas poderiam aderir. A sensibilidade de abraçar projetos sociais que qualifiquem pessoas privadas de liberdade e que irão ajudar mulheres a ter benefícios profissionais, culturais, sociais e de resgate a sociedade pela arte e recursos naturais onde quer que elas estejam”.

Por Timoteo Lopes

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