Membros do MP-AP, Judiciário e órgãos de segurança pública realizam ato público contra o PL do Abuso de Autoridade
Nesta segunda-feira (26), membros do Ministério Público do Amapá (MP-AP), do Ministério Público Federal (MPF), da magistratura amapaense, e demais órgãos de Justiça do estado do Amapá fizeram o um ato público, em frente ao Fórum desembargador Leal de Mira, contra o Projeto de Lei 7596/2017, que trata de Abuso de Autoridade.
“O que mais nos preocupa é a intimidação. É essa tentativa de atrapalhar e evitar que se chegue a punição de pessoas que tenham influência em nossa sociedade. Nossa expectativa agora é o presidente da República, com a caneta na mão e agindo como um cidadão brasileiro, esteja com os olhos voltados para o futuro do nosso país e vete esse texto”, manifestou o presidente da Associação dos Membros do MP-AP (AMPAP), promotor de Justiça Wueber Penafort.
A manifestação faz parte do movimento nacional que pressiona o presidente Jair Bolsonaro a vetar o PL 7596/2017, aprovado pelo Congresso Nacional, apesar de estar repleto de inconstitucionalidades. O texto visa fragilizar a atuação de membros do Ministério Público, do Poder Judiciário e das forças da segurança pública na luta contra as organizações criminosas, interessando somente aos que querem ver a perpetuação da impunidade no Brasil.
“Nossa maior preocupação é com a preservação do Estado de Justiça. É grave quando agentes públicos – que vão desde a investigação até a sentença dada por um juiz-, sejam fragilizados. Não houve discussão com as categorias. É um texto inconstitucional e que inviabiliza a segurança pública nesse país. Quando tentam impedir um juiz de julgar; membros do MP de investigarem e a polícia de prender, percebemos que o objetivo não é combater o crime, mas facilitar a vida dos criminosos”, disse a presidente da Associação dos Magistrados do Amapá (AMAP), juíza Elayne Cantuária.
A proposta prevê punição, ainda, a agentes públicos, como militares, membros de Tribunais ou Conselhos de Contas, servidores públicos ou pessoas a eles equiparadas, e é considerada uma reação da classe política às operações recentes contra corrupção no país, especialmente a operação Lava-Jato.
“Importante mais uma vez reforçar que essa proposta, sob pretexto de caracterizar “abuso de autoridade”, atropela a justiça e desrespeita a população brasileira, que exige uma atuação cada vez mais forte, autônoma e transparente de todos os agentes públicos, especialmente os que lutam contra a corrupção”, frisou a procuradora-geral de Justiça, Ivana Cei.
Ao final, todas as entidades representativas assinaram a “Carta de Macapá”, documento que será encaminhado para a Presidência da República e ao presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre, com pedido de veto.
Carta de Macapá
Aos 26 dias de agosto do ano de 2019, às 08:30 horas, no Fórum Leal de Mira, na cidade de Macapá, Estado do Amapá, as entidades devidamente representadas, que assinam o presente documento, estiveram reunidas no local e hora já especificado e, após leitura pública deste documento, afirmam:
- O VETO é medida que se impõe para o resgate da normalidade e andamento a contendo de todo o sistema, asseverando também que há amplo rol de legislações específicas, nas três esferas de Poder, para a punição de agentes públicos e políticos que extrapolem o exercício das atividades profissionais;
- Por fim, reafirmam o compromisso com a Democracia Brasileira, o respeito institucional que deverá nortear os Poderes da República, tanto quanto que a população brasileira será a maior beneficiada com o exercício do Veto Presidencial à Lei do Abuso de Autoridade
Entidades apoiadoras:
Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (CONAMP)
Frente Associativa da Magistratura e do Ministério Público (FRENTAS)
Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB)
Associação dos Juízes Federais do Brasil (AJUFE)
Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) e Anamatra da 8ª Região
Ministério Público do Amapá ( MP-AP)
Associação dos Membros do Ministério Público do Amapá (AMPAP)
Associação dos Magistrados do Amapá (AMAP)
Ministério Público Federal (MPF)
Polícia Militar do Amapá (PM/AP)
Polícia Civil do Amapá ( PC/AP)
Polícia Federal (PF)
Polícia Rodoviária Federal (PRF)
Justiça Federal
Justiça Estadual do Amapá
Ana Girlene Oliveira