Indígenas da área da Usina de Belo Monte interditam trecho da BR-230 e pedem proteção para aldeias no PA
Malu Dacio – Da Revista Cenarium
MEDICILÂNDIA/PA — No médio Xingu, aproximadamente 170 indígenas de seis etnias interditaram o tráfego na BR-230 (Transamazônica) entre os municípios de Uruará e Medicilândia, no Sudoeste do Pará, durante uma manifestação nesta terça-feira, 15. Os indígenas cobram um plano ambiental para as aldeias que residem nas proximidades da usina de Belo Monte.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), uma equipe da Superintendência da PRF no Pará chegou ao local por volta das 11h20 e houveram tratativas durante todo o dia com algumas liberações do trânsito. A via foi liberada por volta das 11h20 e voltou a ser interditada às 16h.
O bloqueio está localizado no km 786 em frente a uma Base de Segurança Territorial da Etnia Arara e o congestionamento no local chegou a 2km com interdição total.
O protesto teve início na madrugada, por volta das 5h, e se estendeu ao longo do dia. Segundo a PRF, até as 17h30 de hoje, a rodovia permanecera intrafegável, mas, às 18h30, foi liberada exclusivamente para a passagem dos veículos que já estavam no local. Posteriormente, foi interditada novamente.
Proteção ambiental
Informações obtidas pela REVISTA CENARIUM são de que os manifestantes pedem proteção aos indígenas da região da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Havia uma reunião marcada com órgãos governamentais e a empresa Norte Energia, contestada pelos indígenas, mas foi cancelada. A intenção dos manifestantes é de manter o bloqueio no intuito de reaver a reunião.
Os manifestantes cobram cumprimento de condicionantes do plano básico ambiental estabelecidas na construção da usina hidrelétrica de Belo Monte que, segundo os indígenas, não estariam sendo cumpridas. Entre as demandas, está a implantação de uma unidade de proteção de aldeias na região da usina.
Diálogo
Em nota, a Norte Energia, empresa privada e concessionária da Usina Hidrelétrica Belo Monte, disse que até o momento não recebeu qualquer informação oficial acerca de pleitos ou reinvindicações oriundas de movimento indígena na BR-230, próximo à Uruará.
“A empresa mantém diálogo permanente, aberto e transparente com os Povos Indígenas do Médio Xingu, que se dá de forma estruturada, respeitosa, inclusiva e participativa por meio de interações diárias mantidas pelo Programa de Comunicação e também de reuniões tripartites, que envolvem a participação de representantes indígenas e do órgão indigenista para discussão e análises das ações em execução”, diz trecho da nota.
Das tratativas acerca das Unidades de Proteção Territorial, a empresa defendeu que das 11 Unidades de Proteção Territorial (UPTs) previstas no Plano Básico Ambiental, oito foram instaladas e estão em operação desde 2015.
A empresa confirmou ainda que três unidades encontram-se pendentes de instalação devido a questões de segurança das próprias terras indígenas.
“A Norte Energia e a Funai vêm dialogando sobre um cronograma para retomada da implantação das UPTs”, completa a nota. O texto finaliza afirmando que a Norte Energia mantém permanentemente diálogo aberto com os Povos Indígenas do Médio Xingu, que disponibilizou um Programa de Comunicação e agendou reuniões tripartites com a participação de representantes indígenas e de órgão indigenista para discussão e análises das ações em execução.