Precariedade e risco de desabamento de escola municipal em Manaus preocupam pais e professores
Priscilla Peixoto — Da Revista Cenarium
MANAUS — “Esse prédio é um risco, não tem condições de nossas crianças estudarem nessa unidade, é um perigo contra a vida não só dos nossos filhos, mas também para os funcionários”. A declaração é de Tatiana Aires, 37, mãe de uma aluna matriculada no Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Dom Bosco, localizado no conjunto Ipase, no bairro Compensa, zona Oeste de Manaus, que teme pela segurança da filha por conta da precariedade do local.
A situação do educandário foi motivo de denúncia do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Amazonas (Sinteam) à Secretaria Municipal de Educação de Manaus (Semed). No início do mês de fevereiro, o sindicato alegou risco de desabamento na escola municipal, apresentando também fotos que ilustraram os riscos estruturais da unidade. “É muito claro que o prédio não tem condições de abrigar uma escola, ainda mais de educação infantil”, disse a presidente do Sinteam, professora Ana Cristina, por meio de nota.urn:uuid:a78a3089-5e27-b946-3ac8-b9465e27a78a
A insegurança e os problemas nas instalações e na estrutura do prédio são motivos de dor de cabeça não só de Tatiana, mas de outros pais de alunos na faixa etária de 4 e 5 anos que estão matriculados na unidade escolar destinada ao ensino do primeiro e segundo período da pré-escola. A escola não recebe os alunos desde 2020, devido à pandemia, e Tatiana afirma que as reformas feitas no local parecem mais “maquiar” do que resolver a real necessidade estrutural.
A CENARIUM esteve no local, mas não pôde entrar no prédio. Foi possível identificar que o imóvel fica situado em um barranco e o risco de deslizamento é uma preocupação constante dos pais e, também, dos professores.
Segundo o Sinteam, o imóvel é alugado pela Semed por R$ 13 mil por mês. A mãe ainda ressalta que a unidade, com quase 14 anos de atividades, nunca passou por reformas efetivas, o que teria contribuído para o desgaste do lugar.urn:uuid:df867db7-2084-c2eb-7840-c2eb2084df86
“O prédio tem desnível no chão, infiltração, rachaduras, buracos, um forro velho caindo com goteiras. O nosso maior medo é ele desabar porque lá era um lixão antes, não sabemos como está a situação do solo. Quando chove o barro invade o quintal dos moradores do fundo, é horrível”, lamenta Tatiana.
Além de Tatiana, outra mãe, que prefere não ser identificada, também lamenta a situação e reclama que apesar do esforço para manter o ensino remoto das crianças, a qualidade da educação fica prejudicada. Ela ainda alegou ter dúvidas sobre a qualidade do serviço de reforma e até mesmo da qualidade dos materiais usados durante a obra.
“É uma reforma a passos curtos, a impressão que dá é que eles usam materiais velhos vindo de reformas de outro canto. Olhem para situação desse forro que colocaram aí na frente, me diz se isso é novo? Estão ‘maquiando’. Pensando que a gente não observa, e como se não bastasse, nossos filhos estudam online. Apesar do esforço dos professores, não é a mesma coisa, tem coisas que só eles têm preparo para ensinar”, pontua a mãe.urn:uuid:d3f29521-774c-46a9-90c2-46a9774cd3f2
Lixeira viciada
Como se não bastassem os riscos estruturais, outro incômodo para quem mora próximo à unidade e para os próprios alunos e funcionários é a lixeira viciada situada praticamente em frente à escola. Embora a Prefeitura faça a retirada quando acionada pelos moradores, a presença da sujeira no local é considerada um péssimo exemplo para as crianças, além de causar danos ao meio ambiente e ser um risco para a saúde.
“Há mais ou menos dois anos temos que conviver com essa sujeira que pode nos causar danos porque tem de tudo que você possa imaginar. Até pago para tirar quando posso e a Prefeitura também retira de vez em quando, mas para mim, é uma vergonha ter esse monte de lixo justamente ao lado de uma escola, é mau exemplo”, comenta a autônoma Ana Cavalcante, que mora na região.
Mãos atadas
Para os servidores municipais que atuam na escola em questão, o medo e a preocupação se misturam com a sensação de “mãos atadas” e de não poderem solucionar o problema. Em uma mensagem coletiva intitulada “S.O.S Cmei Dom Bosco“, assinada por professores da unidade, os profissionais pedem ajuda para que o apelo chegue ao conhecimento das autoridades no intuito de mudar o cenário de descaso com o problema.