Operação Blindness: MP-AP e Polícia Federal investigam associação criminosa que age no Iapen

Na manhã desta quinta-feira (10), o Ministério Público do Amapá (MP-AP), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e do Núcleo de Investigação (NIMP), e a Polícia Federal (PF/AP) deflagraram a “Operação Blindness”, para cumprir 6 mandados de busca e apreensão e 5 mandados de prisão preventiva, nos municípios de Macapá e Santana, de envolvidos nos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico, corrupção ativa e passiva, fraude em licitação e integrar organização criminosa.

A operação de hoje é um desdobramento da “Operação Caixa de Pandora”, deflagrada no dia 4 de fevereiro de 2022, quando policiais penais e agentes do Gaeco apreenderam, na cozinha do Instituto de Administração Penitenciária do Estado do Amapá (Iapen) e apresentaram na Polícia Federal, uma caixa contendo 11 quilogramas de drogas, 48 (quarenta e oito) aparelhos celulares, 1 revólver calibre .38, farta munição de calibre .38 e de .380, além de muitos outros materiais ilícitos, que seriam inseridos no estabelecimento prisional e chegariam às mãos dos internos.Naquela ocasião, um interno e a nutricionista e gerente da empresa terceirizada, contratada para fornecer alimentação aos presos e servidores, foram presos em flagrante e já respondem na Justiça pelos crimes de tráfico de drogas,associação para o tráfico e facilitação da entrada de aparelhos de comunicação em estabelecimento prisional.

Na operação Blindness, de hoje, foram cumpridos mandados de busca e apreensão na residência de três policiais penais, de um nutricionista, na sede da empresa de alimentação e do seu proprietário, e também na residência da companheira de um interno do Iapen. Os mandados de prisão preventiva foram cumpridos em desfavor das pessoas acima citadas, à exceção de um dos policiais penais.

As investigações do GAECO e NIMP com a Polícia Federal identificaram esquema entre policiais penais e internos para facilitar a entrada de objetos ilícitos no Iapen; esquema de fornecimento de refeições diferenciadas a presos, mediante pagamento de valores e, ainda, fraude no contrato de prestação de serviço, quando o dono da empresa de refeições determinava a funcionários que inserissem quantidades fictícias de “marmitas” na planilha de custos e, com esse valor gerado ilicitamente, adquiria bens materiais para a policial penal incumbida de receber e processar as faturas de pagamento mensal à citada empresa.

Os promotores de Justiça do GAECO e NIMP, Andrea Guedes de Medeiros Amanajás e Rodrigo César Viana Assis, e o Delegado de Polícia Federal incumbido da investigação, Davi Moreira Soares Sobral, enfatizaram que esse trabalho conjunto entre as instituições, assim como o apoio prestado pelos policiais penais que trabalham dentro da legalidade, tem feito surgir à tona esquemas de corrupção e vários outros crimes graves praticados por alguns poucos policiais penais da chamada “banda podre”, integrantes de facções criminosas e empresários com alto poder aquisitivo. Asseveram, ainda, que as investigações se aprofundarão até que todos os envolvidos sejam identificados e levados à Justiça para responderem por esses atos nocivos à coletividade.

“Blindness”: palavra em inglês que significa “cegueira”, em referência à forma como os policiais penais se comportaram fazendo vista grossa para a entrada do material ilícito no IAPEN.

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