Mayara Braga lança primeiro álbum no programa Natura Musical

Mayara Braga lança seu primeiro álbum que traz como temática a ancestralidade e o sagrado feminino, homenageando, inclusive, as Yabás (Orixás Mulheres)

Neste Sábado (16) as plataformas de streaming da música recebem “Negra da Luz”, o primeiro álbum de Mayara Braga lançado através do Programa Natura Musical e da incubadora Pororoca Sound, sob a produção da Ói Nóiz Akí.

Em “Negra da Luz”, Mayara Braga canta a trajetória de uma vida inteira e sua paixão pela música revelando traços eruditos, da MPB, mesclados aos sons dos povos de terreiro e a referências da literatura. A experiência na área de Letras, permitiu à Mayara a montagem de um verdadeiro enredo de luta, fé, ancestralidade, empoderamento feminino e resistência que inicia com “Cheirando à sorte” composição coletiva de Edilson Moreno (PA), Zé Miguel (AP), João Batera (AP) e Walber Silva (AP), in memoriam. Essa música representa a essência feminina e as renúncias na condição de mãe, mulher, esposa e profissional em detrimento dos sonhos de menina cantora que encontrou na espiritualidade (Umbanda), possibilidades para seguir em frente.

Das mãos de Joãozinho Gomes, poeta e compositor paraense radicado no Amapá, e do acreano, Sergio Souto, “Toque de Midas” é um presente com reflexões políticas, a canção engrandece a resistência do povo brasileiro que protagoniza a própria história através do voto consciente, “Creio num sonho novo, amanhecido, esclarecido.”

As influências dos terreiros na música de Mayara Braga tornam-se mais evidentes em “Versos que a manhã me deu”, letra de Aldo Gatinho e música de Harināma Sukhī Dās (AP), que trata da relação de amor e confiança entre Mayara – a médium, e a Cabocla Mariana, entidade turca encantada nos Lençóis Maranhenses. Num processo de gratidão por todas as graças intercedidas, agora eternizadas ao som do tambor neste álbum.

Oxum e Iansã, também, recebem homenagens nas faixas “Deusa dos Orixás” de Jorge A. M. Maia (PA) e Cássio Pontes (PA/AP) e “Amor de Iansã”, de Pai Oju Maurício Guiã (PA/AP), com toques do maracatu e do carimbó paraense.


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“Por meio da música ‘Deusa dos Orixás’, composta por mim e Cassio Pontes, conheci Mayara Braga, a qual se mostrou desejosa e entusiasmada a gravar a canção. Logo me chamou atenção o seu grande talento e amor pela música. A musicalidade que encontramos neste admirável álbum, é das mais originais no conceito de musicalidade pura que hoje se encontra no Brasil. Com uma estrutura compacta e sucinta, de uma rara sutileza sonora, a voz de Mayara expressa em si o grande amor que ela tem pela música, que a leva a por, nas canções que interpreta, toda a verdade existente em sua alma, a revelar, assim, toda a sua imensa capacidade de perceber sensações, e que sussurra, que se insinua generosamente à musicalidade que a precede. É uma obra de uma grande artista, pois há em sua música uma necessidade de existir a qual é a característica maior do autêntico e de toda arte realizada.” Revela o compositor, Jorge Maia.

José Maria Cruz, acompanhou boa parte dos 33 anos de carreira da cantora, “Mayara Braga é um ser borbulhante e muito talentosa, de muita garra. Canta descalça pra sentir as vibrações da terra, do ar, do vento, do fogo, enfim, de tudo que se transforma o palco, pra nós, músicos. Porque a realidade do palco é uma outra história. Outra dimensão. E ela vive isso com muita sabedoria e respeito. Nesse álbum eclético, ela mostra um pouco das várias direções musicais, vários caminhos musicais e firma automaticamente a sua identidade. É dona de uma voz quente, robusta, cheia. Característica forte que o Brasil tanto aprecia em uma cantora: ter a voz marcante!”, afiança, José Maria Cruz, maestro, músico profissional, professor de música e produtor de 6, das 8 faixas do álbum.

Outra parceria muito comemorada por Mayara resultou na gravação de “Ginga de Amor”, composição de Rita Benneditto, maranhense que atualmente vive em São Paulo, e nas suas letras destaca o empoderamento da mulher, na figura da Cigana.

O bairro mais preto de Macapá revela sua história e suas bandeiras nas letras de Heraldo Almeida e Osmar Júnior na música intitulada “Ainda Laguinho”. Com traços reverenciados à Chiquinha Gonzaga que surgem neste samba-choro, como sopro equatorial que passeia pela ancestralidade das terras Tucuju.

Claro que não podíamos deixar de falar do título do álbum, “Negra da Luz” a composição de Wilson Cardoso (AP), Zé Maria Cruz (AP) e Mayara Braga que homenageia a Mãe Luzia, parteira tradicional do Amapá. Uma reverencia às Pretas Velhas em agradecimento pelo álbum, o filho que acaba de nascer ao som do grito libertador das dançadeiras de Marabaixo.

Mayara Braga é fruto de uma geração talentosa e ávida por produzir cultura e arte, que vítima da inexistência de políticas públicas de fomento e incentivo à cultura, abriram mão de seus sonhos em busca de sobrevivência. Acolhida por Natura Musical, através da Pororoca Sound, viu mais do que a possibilidade de lançar seu primeiro álbum, resgatou canções e histórias perdidas no espaço-tempo, e nos brinda neste momento com músicas para dançar e refletir, pautando todo o seu processo criativo no respeito à diversidade cultural brasileira. Sintetiza, Claudio Silva, Produtor Executivo da Pororoca Sound que chega ao oitavo álbum lançado nesta primeira edição do projeto.

“Natura Musical sempre acreditou na força da música para mobilizar as pessoas. Para refletir esse propósito e dar espaço à diferentes vozes, a plataforma apoia artistas, bandas e projetos de fomento à cena capazes de amplificar debates como a diversidade, a sustentabilidade e o impacto positivo na sociedade”, afirma Fernanda Paiva, Head of Global Cultural Branding.

Sobre Natura Musical

Natura Musical é a plataforma de cultura da marca Natura. Desde seu lançamento, em 2005, o programa investiu cerca de R$ 174,5 milhões no patrocínio de mais de 518 projetos – entre trabalhos de grandes nomes da música brasileira, lançamento e consolidação de novos artistas e projetos de fomento à cenas e impacto social positivo. Os trabalhos artísticos renovam o repertório musical do País e são reconhecidos em listas e premiações nacionais e internacionais. Em 2020, o edital do Natura Musical selecionou 43 projetos em todo o Brasil e promoveu mais de 300 produtos e experiências musicais, entre lançamentos de álbuns, clipes, festivais digitais, oficinas e conferências. Em São Paulo, a Casa Natura Musical se tornou uma vitrine permanente da música brasileira, com uma programação contínua de lives, performances, bate-papos e conteúdos exclusivos, agora digitalmente.

Paulo Rocha

Fotos: Aog Rocha

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