Mais da metade da exploração ilegal de madeira em Roraima ocorre em assentamentos
Uma pesquisa da Rede Simex revelou que mais da metade da extração madeireira não autorizada em Roraima está localizada em áreas de assentamento rural. O levantamento, realizado entre agosto de 2020 e julho de 2021, mostrou que um total de 1.258,4 hectares de floresta tiveram exploração de madeira no estado. Desse valor, 760,79 hectares (60,5%) ocorreu de forma autorizada pelos órgãos ambientais, enquanto a extração ilegal foi de 497,61 hectares (39,5%). Desses, 59,03% (289,96 hectares), ou seja, mais da metade de toda a extração ilegal, ocorreu dentro de projetos de assentamento.
O mapeamento da exploração madeireira em Roraima foi baseado em imagens de satélite. A Rede Simex é integrada por quatro organizações de pesquisa ambiental: Imazon, Idesam, Imaflora e ICV.
De acordo com pesquisadores do Idesam, responsáveis pelo estudo, essa extração em assentamentos rurais é comum no país. “O assentamento funciona como zona de expansão da agropecuária hoje em dia no Brasil, é isso que acontece, é um procedimento padrão. Assentamentos são alvo porque o processo de obtenção de título após 10 anos é facilitado pelo uso e posse pacífico. Isso revela um cenário que segue lógicas comerciais, onde a exploração madeireira vem antes do estabelecimento da agropecuária”, explicam.
Os pesquisadores ressaltam que a extração ilegal de madeira traz consequências socioambientais negativas, como a perda de serviços ecossistêmicos e da biodiversidade, degradação florestal e crime de evasão de divisas, entre outras.
Mapa da exploração madeireira ilegal
De acordo com a pesquisa, a exploração ilegal de madeira em Roraima ocorreu em sua maioria em assentamentos rurais (59,03%), seguida de imóveis rurais privados (40,30%) e terras não destinadas (0,67%). Os municípios de Rorainopólis, Caracaraí e São Luiz são os campeões da atividade ilegal, sendo Rorainopólis responsável por 54% de toda a extração ilegal de madeira em Roraima.
Os assentamentos mais explorados de forma ilegal do estado no período avaliado foram o projeto de assentamento dirigido (PAD) Anauá, com 275,32 hectares explorados, e o projeto de assentamento (PA) Ladeirão, com 14,64 hectares atingidos pela atividade ilegal.
Sobre a Rede Simex
Integrada por pesquisadores do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e do Instituto Centro de Vida (ICV), foi formada para que o Sistema de Monitoramento da Exploração Madeireira (Simex), que já era realizado no Pará e Mato Grosso, pudesse ser ampliado para outros estados da Amazônia.