Preconceito com exame de toque retal ainda interfere no diagnóstico precoce do câncer de próstata

Cerca de um terço dos homens se recusam a enfrentar os exames preventivos da doença; especialista explica que a idade é o principal fator de risco e que após 50 anos e incidência é mais alta

No Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o tumor de próstata é o segundo mais comum entre homens – ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma e sendo responsável por cerca de 61.200 casos só este ano. Contudo, uma pesquisa recente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), encomendada ao Datafolha, indica que apesar do volume crescente de diagnósticos da doença ano a ano, 21% do público masculino entrevistado em estádios de futebol acredita que o exame de toque retal “não é coisa de homem”. Considerando aqueles com mais de 60 anos (grupo de risco), 38% disse não achar o procedimento relevante. Esses dados revelam uma realidade preocupante, que coloca o preconceito e o machismo como principais entraves para o diagnóstico precoce e combate ao câncer de próstata.

Para um diagnóstico precoce da doença é recomendável que homens a partir de 50 anos (e 45 anos para quem tem histórico da doença na família) façam exame clínico (toque retal) e o teste de antígeno prostático específico (PSA) anualmente para rastrear o aparecimento da doença. Além de histórico familiar, a população de risco também inclui mutações genéticas como o BRCA2 e negros.

“O PSA é uma proteína especifica produzida pelas células da próstata, que nada mais é que uma glândula presente apenas em homens. A taxa dela na corrente sanguínea, em média, deve ser entre 2,5 e quatro nanogramas por mililitro, variando de acordo com a idade e o tamanho da próstata. A alteração deste valor para números mais elevados, um aumento muito rápido entre duas medidas ou até mesmo valores menores – em pacientes jovens e com próstata pequena – pode ser um indicativo do câncer e é importante aliado para a detecção da condição em sua fase inicial, quando ainda é assintomática”, explica o Dr. Andrey Soares, oncologista do Centro Paulista de Oncologia (CPO) – Grupo Oncoclínicas.

Quando aparentes, os primeiros sintomas do câncer de próstata podem ser semelhantes ao crescimento benigno da glândula, tendo como características dificuldade para urinar seguida de dor e/ou ardor, gotejamento prolongado no final, frequência urinária aumentada durante o dia ou à noite. Quando a doença já está em fase mais avançada, pode ocorrer a presença de sangue no sêmen, impotência sexual, além de outros desconfortos decorrentes da metástase em outros órgãos. Porém, mesmo com a presença desses sintomas, em geral, eles são muito tardios, uma vez que o tumor cresce na periferia da glândula, diferente da hiperplasia que ocorre na região central, em que passa a uretra aumentando os sintomas.

No começo, pelo fatos dos sintomas serem silenciosos, a neoplasia é de difícil diagnóstico, já que a maioria dos pacientes apresentam indícios apenas nas fases mais avançadas da doenças. Ainda de acordo com o especialista, casos familiares de pai ou irmão com câncer de próstata, antes do 60 anos de idade, podem aumentar o risco em três a 10 vezes em relação à população em geral.

“Parentes de primeiro grau que tenham apresentado tumor de próstata em idade jovem são indicadores de fator de risco aumentado. Má alimentação, sedentarismo e obesidade também são apontados por pesquisas científicas como agentes que elevam as chances de desenvolver a condição”, conta.

Entenda os possíveis tratamentos

O tratamento depende do estágio e da agressividade em que o tumor de próstata se encontra. Em casos iniciais e com características de baixa agressividade, o acompanhamento vigilante com consultas e exames periódicos deve ser discutido com o paciente, uma vez que é possível poupar os mesmos de algumas toxicidades que o tratamento causa.

Nos outros casos de doença localizada, a cirurgia, a radioterapia associadas ou não a bloqueio hormonal e a braquiterapia (também conhecida como radioterapia interna) pode ser realizada com boas taxas de resposta. “Após realizarem a cirurgia, em alguns casos é necessário realizar o procedimento de radioterapia pós-operatória para a diminuição do risco de rescidiva da doença”, completa Dr. Andrey.

Quando os pacientes apresentam metástases, diversos tratamentos podem ser realizados com excelentes resultados como o bloqueio hormonal, a quimioterapia, novos medicamentos que controlam os hormônios por via oral e também uma nova classe de remédios que são conhecidas como radio isótopos, partículas que se ligam no osso e emitem doses pequenas de radioterapia nestes locais.

Veja íntegra no site A Crítica

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