Ministro culpa aparelhamento do Estado e falta de fiscais por tragédias como a de Brumadinho

“Os governos anteriores inflaram a máquina pública com várias pessoas incapacitadas cuja única qualificação era a carteirinha partidária”

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, culpou nesta sexta-feira o que chamou de aparelhamento do Estado e a falta de fiscais por tragédias ambientais como a causada pelo rompimento da barragem de rejeitos de mineração da Vale, em Brumadinho (MG).

Em palestra a empresários em evento promovido pelo Lide, grupo de empresários fundado pelo hoje governador de São Paulo, João Doria (PSDB), Salles fez ainda a avaliação de que o Brasil é injustamente tratado como “patinho feio” quando se discute a mudança climática e de que o país não recebe a compensação que deveria por suas ações neste setor.

“Não é à toa que nós enfrentamos Brumadinho depois de Mariana”, disse Salles aos empresários, ao afirmar que a agência responsável pela fiscalização das barragens tinha apenas 12 fiscais para atuar em todo o território nacional.

“Os governos anteriores inflaram a máquina pública com várias pessoas incapacitadas cuja única qualificação era a carteirinha partidária”, criticou.

Ao mesmo tempo em que atribuiu a tragédia de Brumadinho, que deixou centenas de mortos, à falta de fiscais, Salles retomou sua retórica de que o Estado não pode cuidar de tudo e que tem de dar mais espaço à iniciativa privada.

“O Brasil virou o país da cabeça socialista, em que o Estado tem que participar de tudo e o setor privado é o vilão que quer explorar”, criticou.

O ministro também defendeu o histórico do Brasil no combate às emissões que causam a mudança climática, especialmente as adotadas pelo agronegócio, que ele disse ser tratado por organizações não-governamentais como “patinho feio” da preservação do meio ambiente, devido à intenção dessas entidades de vender consultorias.

“Até quando nós vamos nos curvar a essa agenda que procura restringir, restringir. Restringir desenvolvimento, restringir agricultura?”, questionou o ministro, para quem o campo tem feito mais do que a cidade nas ações de combate à mudança climática.

Ele não foi específico ao comentar o assunto. O Brasil adota há décadas o etanol como um combustível alternativo à gasolina, mais poluente que o biocombustível. De outro lado, o setor agropecuário acaba sendo um agente de emissões, quando suas atividades são realizadas via desmatamentos. A pecuária também é tida por ambientalistas como grande emissora.

Época

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