Telescópio a ser lançado em dezembro deve revolucionar astronomia

sideradas para identificar planetas candidatos a abrigar vida: a presença de água em estado líquido e condições atmosféricas adequadas. A distância entre o planeta e a estrela mais próxima nos permite saber se há possibilidade de presença de água líquida”, explica Catarina.

“Com relação à atmosfera, o James Webb nos ajudará na caracterização do que há ali, a partir do reflexo da luz da estrela, após passar por gases atmosféricos”, acrescenta.

Evolução das galáxias

Sobre o projeto aprovado pela Nasa – O Papel da Retroalimentação Núcleos Ativos de Galáxias Emissores em Rádio em Galáxias Massivas em Redshift 4-6, que ela desenvolve sob a orientação de Roderik Overzier, do Observatório Nacional –, Catarina diz que, ao focar em galáxias tão distantes, o estudo possibilitará observar galáxias muito antigas, o que permitirá a produção de conhecimentos sobre a evolução das galáxias.

“Isso significa que estamos observando uma informação muito antiga, de quando o Universo era mais jovem”, diz a pesquisadora.

“As galáxias já desenvolvidas têm um buraco negro supermassivo em seu centro, mas nós ainda não sabemos como se formaram e como eles se relacionam com suas galáxias hospedeiras. Assim, observando as galáxias em seus momentos iniciais e como esses buracos negros se comportavam nesse tempo, tentamos entender melhor o que levou os objetos a serem como são hoje em dia”, afirma.

Os buracos negros centrais capturam matéria. Como consequência, acontecem diversos processos muito energéticos, como jatos e ventos, que interferem na própria dinâmica de alimentação do buraco negro e nos demais fenômenos da galáxia que o hospeda.

Nesse sentido, Catarina explica que o projeto será importante porque responderá a “perguntas fundamentais”, não apenas na comunidade astronômica ou científica, mas também sobre a origem dos seres humanos.

“Quando estudamos o passado que conseguimos enxergar – e tentamos caracterizar as atividades daquela época –, estamos tentando entender a nossa história e o que aconteceu no Universo até chegarmos ao instante em que estamos”, argumenta.

Ciência brasileira

A pesquisadora destaca que, para a ciência brasileira, a participação do país em um “projeto que trabalha com tecnologia de ponta para desvendar os mistérios do Universo” é muito importante porque “reforça o valor e a qualidade da produção científica no país, em meio a tantas dificuldades com a falta de incentivos e recursos para o setor”.

“Além disso, estamos influenciando as próximas gerações a seguirem carreiras científicas, pois as pessoas veem que é possível fazer ciência de ponta, daqui do Brasil, com um telescópio no espaço”, reforça.

Homenagem

O nome escolhido para o novo telescópio espacial é uma homenagem a um antigo administrador da Nasa. James Edwin Webb. Foi ele que liderou o programa Apollo, além de uma série de outras importantes missões espaciais.

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