Polícia investiga PMs por denúncia de agressão à mulher negra em SP

Inquérito ficará sob responsabilidade do 25° Distrito Policial

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo informou nesta segunda-feira (13), à Agência Brasil, que um inquérito foi instaurado, em 30 de maio, para apurar o caso de uma mulher negra, de 51 anos de idade, dona de um bar no distrito de Parelheiros, zona sul da cidade, que sofreu agressões por parte de um policial militar que foi atender a um chamado no local, na mesma data.

O inquérito ficará sob responsabilidade do 25° Distrito Policial. Segundo a pasta, os policiais envolvidos foram afastados de suas atividades e assim devem permanecer até que a investigação seja concluída. “A SSP não compactua com desvios de conduta de seus agentes e apura rigorosamente todas as denúncias. Desde o último dia 1, policiais militares de todos os níveis hierárquicos participam programa de treinamento, visando a reforçar os conhecimentos e técnicas da instituição”, complementou.

Em um vídeo exibido pelo programa Fantástico, da TV Globo, a vítima, cujo nome foi preservado, aparece tendo o pescoço pisoteado pelo agente, identificado como João Paulo. No dia 25 de maio, o estadunidense George Floyd, também foi agredido por policiais brancos e morte mobilizou protestos por todo o mundo.

Os policiais dirigiram-se ao endereço após serem acionados por vizinhos do bar da mulher, que se incomodaram com o volume elevado do som emitido pelo carro de um cliente do estabelecimento. A mulher contou que as violências começaram quando interveio em defesa de um amigo, que foi imobilizado por eles e golpeado por joelhadas.

As imagens também mostram o policial arrastando a mulher por alguns metros, até soltá-la na calçada. A vítima alega desmaiou quatro vezes, em virtude da asfixia, e que os policiais desferiram, ainda, três socos contra ela, ocasionando a fratura de sua tíbia (osso localizado na região da parte inferior da perna).Conforme a reportagem, a comerciante foi levada ao hospital, com ferimentos nas costas, no rosto, e, em seguida ao 101º Distrito Policial, de Jardim Imbuias, onde ficou detida por um dia. Um mês depois da ocorrência, foi submetida a uma cirurgia para tratar da perna lesionada.

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Os policiais que atenderam ao chamado registraram boletim de ocorrência contra a mulher, por desacato, lesão corporal, resistência e desobediência. Eles alegam que apenas se defenderam contra ofensivas da mulher, que os teria atacado com uma barra de ferro e um rodo.

Na noite de ontem, o governador de São Paulo, João Doria, pronunciou-se sobre o ocorrido, por meio de sua conta no Twitter. “Os policiais militares que agrediram uma mulher em Parelheiros, na Capital de SP, já foram afastados e responderão a inquérito. As cenas exibidas no Fantástico causam repulsa. Inaceitável a conduta de violência desnecessária de alguns policiais. Não honram a qualidade da PM de SP”, escreveu.

De acordo com balanço do Disque 100, canal disponibilizado pelo governo federal para formalização de queixas relacionadas a violações de direitos humanos, em 2019, o estado de São Paulo contabilizou 319 denúncias de abuso policial. O número vem aumentando desde 2015, quando o total era de 135. Em 2016, 2017 e 2018, saltou para 191, 197 e 293, respectivamente.

Levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) evidencia que 75,4% das pessoas mortas em intervenções policiais nos anos de 2017 e 2018 eram negras. Ao todo, 11% das mortes violentas intencionais reportadas em todo o Brasil, no período, foram cometidas pela polícia.

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