Oficina do Instituto Iepé leva formação a jovens comunicadores indígenas de Oiapoque

Em sua segunda edição, a oficina visa qualificar os jovens com estratégias de comunicação e identificar as chamadas fake news.

A Terra Indígena Galibi, localizada no extremo norte do Amapá, no município de Oiapoque, foi palco do segundo módulo da Oficina de Jovens Comunicadores. Participaram 19 indígenas de diferentes regiões representando quatro etnias: Karipuna, Galibi Kali’na, Galibi Marworno e Palikur. O objetivo é orientá-los a ocupar novos espaços, aprender novas maneiras de se comunicar, de se manter informado e a identificar notícias falsas.

A oficina foi realizada pela Assessoria de Comunicação e pelo Programa Oiapoque do Iepé – Instituto de Pesquisa e Formação Indígena, com apoio do projeto “Enraizado na Confiança”, da Internews.

A programação do curso foi extensa, iniciando com a apresentação dos trabalhos do primeiro módulo, ocorrido em dezembro de 2021. “Foi legal ver o que produzimos nas aldeias com os materiais que ganhamos no primeiro módulo (celulares e microfones)”, contou entusiasmado Sebastian Lod, que entrevistou sua avó sobre contos. Ele é do povo Galibi Kalin’na e mora na Terra Indígena Galibi. “Meu trabalho era entrevistar os velhos Kali’na sobre as histórias que eles sabem desde pequenos. Foi um aprendizado”, disse.

Outro ponto importante do curso foi o entendimento e a identificação de notícias falsas, as chamadas fake news. O tema escolhido permeia cotidianamente a vida das pessoas, sendo de extrema importância diferenciar as notícias verdadeiras ou falsas, principalmente agora, quando a desinformação, muitas vezes, oferece ameaças. “Estou achando ótimo o curso, para ter mais conhecimento sobre as fake news e levar para a minha aldeia para eles não fazerem isso”, relatou Edian Santos, do povo Karipuna.

A coordenadora do Programa Oiapoque do Instituto Iepé, Rita Lewkowicz, falou sobre a importância deste curso para os jovens indígenas. “O acesso à internet nas aldeias vem aumentando nos últimos anos. E ganhou um espaço ainda maior no período da pandemia. Se por um lado a comunicação permite que aldeias distantes se informem sobre emergências em saúde, denunciem invasões no território, participem de processos remotos de educação, por outro lado, também abre uma porta para a disseminação de fake news e desinformação, gerando impactos inclusive na adesão à vacinação durante a pandemia. Isso pode ser notado nos baixos índices de imunização em algumas regiões. A formação com os jovens se insere nesse contexto, visando qualificar as estratégias de identificação de desinformação e verificação das informações recebidas, para que possam orientar também as suas comunidades a ter cautela, e confirmar uma informação antes de repassá-la”.

Uma das instrutoras do curso é a jovem Luene Karipuna, moradora da Aldeia Santa Isabel, Terra Indígena Uaçá, que se formou como jovem comunicadora anos atrás. “A gente está se aprofundando em vários caminhos, para que esses jovens possam entender toda a questão desse novo mundo e desconstruir essas desinformações que circulam dentro do território. É um papel muito importante, principalmente no Oiapoque, pois a desinformação chegou de uma maneira avassaladora assustando as pessoas”.

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