Marabaixo do mastro é festejado no Laguinho.

As caixas de marabaixo irão rufar neste sábado e domingo, 13 e 14 de maio, nas matas do Curiaú e no Barracão da Tia Biló, no Laguinho.

A maior e mais autêntica manifestação cultural do Amapá, o marabaixo, entra em cena com mais uma atividade do calendário lúdico e religioso do ciclo do marabaixo.

Chamado de “marabaixo do mastro”, a festividade começa no sábado, com a retirada do mastro no quilombo do Curiaú, tendo o encerramento na Maloca da Tia Chiquinha ao som de muito marabaixo e almoço para os participantes e devotos.

Já no domingo do mastro, a programação inicia as 9h, com o cortejo do mastro pelas ruas e avenidas dos campos do Laguinho, e as 17h, a parte festiva do marabaixo começa no barracão da Tia Biló, com rodas e cantigas de marabaixo, a gengibirra e o reforçado cozidão que será servido para a comunidade.

O Ciclo do marabaixo é um evento secular do calendário cultural de Macapá e tradicional no Amapá. Era realizado antes na frente da cidade de Macapá pelas famílias afrodescendentes que habitavam no local, até o período de instalação do Território do Amapá a partir de 1943.

A festividade que segue o calendário litúrgico da igreja católica, tem seu início no sábado de aleluia com festividades na Favela, e seu término no primeiro domingo após o dia de “Corpus Christi”, chamado de “Domingo do Senhor”, onde ocorrem as derrubadas dos mastros e a escolha dos festeiros para o próximo ano.

No bairro do Laguinho, as programações são celebradas no Barracão da Tia Biló, na avenida Eliezer Levy 632, no Laguinho, residência que morou o Mestre Julião Ramos, pai de Benedita Guilherma Ramos, a tia Biló.

Benedita Guilherma Ramos, popularmente e carinhosamente conhecida como Tia Biló, nasceu no dia 10 de fevereiro de 1925, na cidade de Macapá.
Filha de Julião Tomaz Ramos (Mestre Julião Ramos) e Januária Simplícia Ramos.

Como dançadeira, cantadeira e compositora de marabaixo, Tia Biló deu continuidade ao legado de seus pais e avós de realizar as festividades do ciclo do Marabaixo até seu falecimento no dia 18 de setembro de 2021, tornando-se a matriarca do marabaixo no Laguinho, e deixando o legado a seus filhos, netos e bisnetos.

Em 1988, Tia Biló, juntamente com sua família Ramos, fundaram a Associação Cultural Raimundo Ladislau.
Raimundo Ladislau foi uma das grandes personalidades negras, considerado um dos mestres da cultura do marabaixo e compositor do antológico e tradicional “ladrão de marabaixo”, mais conhecido no estado e gravado por Luiz Gonzaga. “Aonde tu vai rapaz por esse caminho sozinho, vou fazer minha morada lá pros campos do Laguinho”.

De acordo com Laura do Marabaixo da coordenação do ciclo, o evento atinge diretamente duzentas pessoas e indiretamente dez mil pessoas entre crianças, jovens e adultos de todo o Estado, populações de comunidades rurais, urbana e tradicionais, afrodescendente e quilombolas. “Dentre os objetivos da Associação Raimundo Ladislau está a manutenção e potencialização da cultura negra através da realização do ciclo do marabaixo no bairro do Laguinho como legítima manifestação cultural do Estado, e a preservação das tradições herdadas de precursores como Julião Ramos, Raimundo Ladislau e Tia Biló”. Enfatizou Laura do Marabaixo.

Comunicação e Fotos
Cláudio Rogério

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