Florestas diversificadas são melhores na captura de dióxido de carbono que aquece o planeta
As florestas com uma maior diversidade de árvores são mais produtivas – levando potencialmente a uma maior eficiência na captura de dióxido de carbono da atmosfera, que aquece o planeta, revela um novo estudo.
Os investigadores descobriram que as árvores que crescem rapidamente e capturam carbono mais rapidamente tendem a ser mais pequenas e a ter uma esperança de vida mais curta, o que leva a um menor armazenamento de carbono e a uma libertação mais rápida de volta para a atmosfera.
As espécies de crescimento mais lento vivem mais e crescem, tendendo a capturar mais carbono atmosférico – particularmente em ambientes com florestas mais diversificadas.
Analisando 3,2 milhões de medições de 1.127 espécies de árvores nas Américas – do sul do Brasil ao norte do Canadá – uma equipe internacional de especialistas mapeou a expectativa de vida das árvores que varia de 1,3 a 3.195 anos.
Publicando suas descobertas hoje (3 de outubro) na Science, um grupo internacional que inclui pesquisadores da América do Sul, América Central, Europa e América do Norte – liderado pela ETH Zurique, Suíça – identifica ainda quatro tipos principais de ciclo de vida das árvores: Espécies de crescimento rápido com expectativa de vida mais curta e tamanhos máximos baixos, além de três grupos de espécies de crescimento lento.
Num extremo dos três grupos de crescimento conservador estão espécies de árvores com elevada esperança de vida e tamanhos máximos pequenos, enquanto no outro extremo estão espécies com baixa esperança de vida e tamanhos máximos grandes.
A coautora, Dra. Adriane Esquivel-Muelbert, pesquisadora brasileira baseada na Universidade de Birmingham, comentou: “O crescimento das árvores e as compensações ao longo da vida são cruciais para o equilíbrio de carbono do planeta. A relação positiva entre a diversidade de características e a produtividade sugere que a manutenção da diversidade das florestas é crucial para a saúde dos ecossistemas e para a mitigação das alterações climáticas.
“Florestas com diversas espécies de árvores podem capturar carbono de forma mais eficaz, o que significa que a promoção da biodiversidade florestal nas florestas pode ajudar a capturar mais carbono. Compreender como esses fatores estão interligados pode orientar projetos de restauração e conservação.
“Ao selecionar a combinação certa de espécies de árvores, poderemos maximizar o armazenamento de carbono e desenvolver estratégias que aumentem a resiliência das florestas às alterações climáticas.”
Os investigadores mapearam características da história de vida das espécies de árvores nas Américas, encontrando uma forte ligação entre a temperatura e o crescimento das árvores, com climas mais frios associados a um crescimento mais lento. As florestas tropicais apresentam maior diversidade em comparação com as florestas temperadas e boreais.
A autora principal, Dra. Lalasia Murphy, da ETH Zurique, comentou: “Este estudo fornece uma avaliação abrangente das expectativas de vida das árvores para espécies nas Américas, variando de 10 a 1000 anos. Descobrimos também que sistemas mais diversos, que têm uma maior diversidade de espécies de crescimento rápido e de vida curta e de espécies de crescimento lento e de vida longa, são mais produtivos. Estas descobertas fornecem novos conhecimentos que podem ser usados para informar a conservação da biodiversidade e a mitigação das alterações climáticas.”
Eles descobriram que as regiões tropicais retêm toda a gama de quatro tipos funcionais demográficos, enquanto as espécies de árvores encontradas em áreas não tropicais se enquadram em dois grupos de espécies predominantemente de crescimento lento. A esperança média de vida tende a ser mais elevada fora dos trópicos.
Os especialistas usaram o maior conjunto de dados de informações dinâmicas sobre árvores até o momento – calculando a expectativa de vida média e a vida útil máxima para uma ampla variedade de árvores, do norte do Canadá ao sul do Brasil.
“Essa análise em grande escala só é possível com grandes esforços de colaboração envolvendo centenas de investigadores que monitorizam estas florestas durante muitos anos”, comentou o Dr. Thomas Pugh, co-autor do estudo da Universidade de Birmingham e da Universidade de Lund.
Os dados também incluíram registros de longo prazo de uma rede internacional de pesquisadores, incluindo membros das redes Global Forest Dynamics, ForestPlots e ForestGeo, bem como dos programas de inventário florestal dos Estados Unidos e do Canadá.