Planos de saúde: queixas sobre rede credenciada triplicam. Saiba seus direitos

Luciana Casemiro

Há uma insatisfação crescente dos usuários dos planos de saúde com alterações nas redes credenciadas pelas operadoras. Além da sensação de que a lista de prestadores está encolhendo, há uma queixa frequente de falta de informação clara e ostensiva sobre as mudanças.

Na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), as reclamações sobre descredenciamento de profissionais, clínicas e laboratórios mais que triplicou este ano, comparado a 2019: 2.173 contra 642. Em relação à rede hospitalar, as queixas registradas até o dia 10 deste mês já ultrapassam as de 2019: 1.263 contra 1.200.

Para a carioca Ângela Firmino, pensionista, de 68 anos, uma das evidências da redução de prestadores é a dificuldade de marcar consulta com especialistas. Em agosto, ela reclamou que só conseguia agendar ortopedista e endocrinologista pela Amil para 2023. Em outubro, após uma internação de dez dias por conta de um AVC, diz, o prazo para ver um neurologista era um mês:

— Já pensei em trocar de plano, mas acho que vai ser o mesmo problema.

Cliente da SulAmérica desde 1997, a pesquisadora Sandra Dorgan, de 64 anos, após muitas perdas na rede credenciada, decidiu ir à Justiça diante das últimas mudanças:

— Perdi muita coisa ao longo desses anos, mas nunca tanto quanto agora. Nem vou mais a médicos credenciados, pois a sensação é de estar no SUS, um cliente a cada 15 minutos. Liguei para pedir informação sobre as mudanças e me mandaram olhar no site — conta.

Já a agente de viagens Daniela Oliveira, de 38 anos, destaca a mudança brusca na rede hospitalar feita pela Prevent Senior desde que chegou ao Rio há um ano:

— Mudei para Prevent Senior porque era um preço melhor e uma rede boa. Mas a operadora já descredenciou Samaritano e Pró-Cardíaco e agora avisou sobre a saída do Vitória. E não há substituição por hospitais similares.

Rafael Robba, advogado especializado em Saúde, do Vilhena Silva Advogados, diz que as queixas sobre rede credenciada da SulAmérica explodiram em outubro, assim como aconteceu com a Amil no fim de 2021 para o início deste ano, num claro movimento de redimensionamento de rede.

— A lei de planos de saúde em conjunto com o Código de Defesa do Consumidor garantem proteção adequada ao consumidor, tanto a respeito da substituição quanto à informação, mas a ANS tem feito vista grossa — avalia.

Paulo Rebello, presidente da ANS, afirma, no entanto, que, apesar do aumento das reclamações, o acompanhamento feito pela agência não aponta irregularidade no mercado. Mas admite que há uma tendência de concentração de atendimento num número menor de prestadores, no sentido de aumento de eficiência.

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