Moro acata pedido da Polícia Federal e adia depoimento de Lula na Lava Jato

Encontro de ex-presidente com juiz ficou marcado para o próximo dia 10

O juiz Sergio Moro, responsável pela operação Lava Jato, acatou nesta quarta-feira (26) o pedido da Polícia Federal e adiou o depoimento do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva. O encontro dos dois, que aconteceria no próximo dia 3, ficou remarcado para 10 de maio, às 14h, em Curitiba (PR).

A PF alegou no pedido de adiamento que era possível a ocorrência de “manifestações favoráveis ou contrárias” a Lula, “já que se trata de uma personalidade política, líder de partido e ex-Presidente da República”. O órgão queria mais tempo para organizar o efetivo de segurança.

“Manifestações são permitidas desde que pacíficas. Havendo, o que não se espera, violência, deve ser controlada e apuradas as responsabilidades, inclusive de eventuais incitadores”, disse em nota ao Juiz Moro.

Assim como a PF, o secretário de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária, Wagner Mesquita de Oliveira, também pediu a Moro que adie o interrogatório pelo mesmo motivo.

“Solicito a Vossa Excelência avaliação sobre a viabilidade de redesignar data e/ou local da oitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, agendada para o dia 3 de maio do corrente ano para data posterior, tendo em vista notícias de possível deslocamento de movimentos populares para esta Capital Paranaense em virtude da semana de comemoração do Dia do Trabalhador (1º de maio), o que pode gerar problemas de segurança pública, institucional e pessoal”, argumentou o secretário.

Nesta ação, o Ministério Público Federal sustenta que Lula recebeu R$ 3,7 milhões em benefício próprio — de um valor de R$ 87 milhões de corrupção — da empreiteira OAS, entre 2006 e 2012. As acusações contra Lula são relativas ao recebimento de vantagens ilícitas da empreiteira OAS por meio do tríplex no Guarujá, no Solaris, e ao armazenamento de bens do acervo presidencial, mantido pela Granero de 2011 a 2016.

No processo, o ex-presidente é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por supostamente ter recebido R$ 3,7 milhões em “vantagens indevidas” da construtora OAS, incluindo um apartamento tríplex no Guarujá.
Em depoimento a Moro, o ex-presidente da empreiteira Léo Pinheiro disse que o imóvel pertencia à família de Lula e que o petista até lhe pedira para destruir provas. Já a defesa do ex-mandatário afirma que a versão de Pinheiro foi “fabricada” para ele conseguir fechar um acordo de delação premiada.

Lula diz estar tranquilo

Em evento do PT, Lula disse estar tranquilo em relação à data. “Eu não marquei dia 3. Na hora em que for marcado meu depoimento estarei me Curitiba ou onde quer que seja.” Lula disse que, dentre todos, “quem deseja a verdade é o companheiro Lula” e que tem o “direito de falar” em sua defesa.

“Faz três anos que estou ouvindo”, disse sobre as denúncias contra ele. “Então estou muito tranquilo, não estou preocupado com a data, a data é do juiz Moro”, afirmou.

Lula participa do seminário “Estratégias para a Economia Brasileira — Desenvolvimento, Soberania e Inclusão”, promovido pelo PT, no Centro Internacional de Convenções no Brasil (CICB), em Brasília.

A mesa redonda com a participação do ex-presidente também conta com os líderes da sigla na Câmara, Carlos Zarattini (SP), e no Senado, Gleisi Hoffmann (PR), além dos governadores do Acre, Tião Viana, e do Piauí, Wellington Dias.

Antes do debate, Lula se reuniu por cerca de meia hora com deputados e senadores petistas em uma sala reservada. Logo após o evento, a assessoria de imprensa do ex-presidente informou que ele deve voltar para São Paulo.

R7

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