Pesquisas do IBESPE revelam problemas e caminhos para 2026

Em outubro de 2022, durante o segundo turno das eleições no Brasil, o Instituto IBESPE conduziu uma pesquisa para compreender como os eleitores se posicionavam em relação a diversas pautas de costumes.

Descriminalização das drogas

A pesquisa revelou que 89,5% dos eleitores brasileiros se opõem à descriminalização das drogas. Entre os eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva, 83,9% eram contrários à liberação. Quando questionados, os eleitores de Lula, sobre qual dos candidatos era a favor dessa pauta, 15,1% acreditavam que Lula apoiava a descriminalização, 16,6% apontavam Jair Bolsonaro, 1,8% achavam que ambos apoiavam, 28,2% afirmavam que nenhum dos dois e 38,4% não souberam responder.

Redução da maioridade penal

Em relação à redução da maioridade penal, 84,2% dos eleitores brasileiros eram a favor. Dentre os eleitores de Lula, 79,2% apoiavam a redução. Quando perguntados, os eleitores de Lula, sobre qual candidato era favorável à pauta, 16,3% acreditavam que Lula apoiava a redução, 32,7% disseram que Bolsonaro era a favor, 3,5% achavam que ambos apoiavam, 8,7% indicavam que nenhum dos dois e 38,8% não souberam responder.

Legalização do aborto

A legalização do aborto encontrou oposição de 78,8% dos eleitores brasileiros. Entre os eleitores de Lula, 70,3% eram contrários à legalização. Sobre qual candidato apoiava a pauta, os eleitores de Lula diziam que 31,6% achavam que Lula era a favor, 14,4% apontavam Bolsonaro, 4,4% acreditavam que ambos eram a favor, 16,8% indicavam que nenhum dos dois e 32,8% não souberam responder.

Fiel ao “Lulismo”

Em abril de 2024, uma nova pesquisa do IBESPE mostrou que 49,7% dos eleitores que votaram em Lula no segundo turno de 2022 afirmaram que votariam novamente no ex-presidente, declarando-se “Lulistas”. Esses dados indicam que muitos eleitores de Lula o apoiam por admiração pessoal, mesmo discordando peremptoriamente de pautas progressistas defendidas pelo Partido do atual presidente.

Fragmentação da esquerda

Outro estudo do IBESPE destacou que eleitores de esquerda se sentem órfãos de algumas pautas, como soberania nacional, trabalhismo e apoio à indústria nacional. Essa parcela da esquerda é contra a agenda progressista e se aproxima da agenda conservadora que é soberanista. Por outro lado, a esquerda progressista se alinha mais à direita liberal. Essa fragmentação será centralizada em Lula enquanto ele estiver ativo na política. Após sua saída, espera-se que o espólio eleitoral seja dividido entre um candidato progressista e um nacionalista.

Fragmentação da direita

No espectro da direita, a pesquisa identificou uma direita liberal fragmentada e sem uma liderança capaz de atrair a direita conservadora, que vê em Jair Bolsonaro sua principal figura. A saída de Bolsonaro do jogo político não causa alteração significativa, pois nossas pesquisas já identificaram mais de 5 lideranças em nível nacional sobre as pautas conservadoras e soberanistas capazes de aglutinar o voto de bolsonaristas.

Essas pautas têm o poder de encantamento da esquerda nacionalista e, por também defender de forma contundente a liberdade de expressão, a Direita Conservadora poderá encantar parte dos eleitores da Direita Liberal. Por outro lado, candidatos da Direita Liberal terão muita dificuldade em atrair eleitores Conservadores que são contra suas pautas liberais.

Sem uma concentração de votos, nem direita nem esquerda terão capacidade de vencer uma eleição em dois turnos. O chamado voto útil, onde o eleitor escolhe o menos ruim entre os candidatos para vencer aquele que ela não quer ver como vitorioso, poderá ocorrer. Por todos esses motivos, quando olhamos para 2026, imaginando um cenário sem as duas grandes lideranças atuais – Lula e Bolsonaro – notamos que Direita Conservadora leva certa vantagem. Porém, a grande questão permanece: quem conseguirá unificar sua base e vencer as próximas eleições?

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